Parte 5
- Será que realmente tem alguma
coisa lá? – disse Bou-san, observando os homens partirem.
Yasuhara respondeu:
- Se tiver, deve ser o espírito de
uma pessoa que morreu na escola... não é? Com isso, temos uma pista para
seguir.
- Sim...
- Ou talvez uma pessoa que morreu
fora da escola, mas que tinha uma ligação... Mas, por que a escola?
- Por que? -eu perguntei.
- Porque o espírito de uma pessoa
que morreu fora da escola aparece na escola? Espíritos que ainda estão ligados
a terra aparecem no local do acidente, mas a escola não é o local do acidente.
- Será que ele está à procura de
redenção? - Ayako disse. - Depois que as pessoas morrem, elas vão se
transformar em espíritos, em circunstâncias normais, não permanecem aqui. Mas
se tiverem desejos insatisfeitos ou se não perceberam que estão mortos, elas se
tornam espíritos que são incapazes de passar para o outro mundo e vagueiam
neste mundo, um espírito à deriva. Espíritos com arrependimentos iriam para o
local desejado; espíritos que estão inconscientes de suas mortes voltariam
temporariamente para suas casas.
- É mesmo...
- Mas as pessoas vivas são
incapazes de ver espíritos, certo? E eles não podem interferir com as situações
neste mundo, mesmo se eles voltarem para casa não seriam vistos pela família. É
por isso que eles iriam se deslocar para outro lugar, como uma escola familiar,
um lugar inesquecível ou algo assim. Há também espíritos que permanecem no
local e não vão embora. Se isso se repetir várias vezes pode transformar em um
espírito preso a terra.
Ai.
Quando eu estava bastante impressionada, Bou-san interrompeu:
- Então tem pessoas que pensam
assim.
- Como assim?
- Isso significa que ainda há
muitas opiniões diferentes neste mundo - não é isso, John?
Olhando para John, ele parecia
incomodado:
- Acho que sim...
- Onde eu estou errada?
- Não é exatamente errada. Porque
as coisas sobre espíritos não podem ser explicadas, por isso não posso dizer
exatamente onde está o erro.
Eu
também não entendi.
- Então quais são as outras
teorias?
- Espíritos suicidas, espíritos
vagando, espíritos ligados a terra, espíritos protetores, etc. Várias dessas
classificações só existem no Japão, e não existem na Europa ou na América.
Mesmo que se fale sobre as aparições do espírito, há enormes diferenças entre o
Japão e o Ocidente.
- É...
- No Japão, nós pensamos que
existem mais espíritos maldosos, e que as assombrações são causadas por isso.
- Sim.
- Mas, no ocidente a definição não
é essa; assombrações e espíritos jogando maldições não são comuns.
- Ehh... Então é assim.
Bou-san olhou para Naru:
- O que você acha, sensei?
Naru deu de ombros:
- No tocante à investigação sobre
os espíritos, o fenômeno paranormal era mais facilmente confundido com isso,
porque os espíritos são coisas que não podem ser levadas para um laboratório.
- Um... é isso mesmo?
- A existência de habilidades
psíquicas tem sido provadas convidando médiuns para os laboratórios, porque não
é possível usar um espírito em um teste. Os espíritos chamados por médiuns são
algo que pela observação podem ser poltergeists.
Em outras coisas relacionadas aos espíritos, as pessoas recolhem testemunhos de
pessoas que se depararam com espíritos por acaso. Embora os métodos de coleta
sejam simples, é impossível determinar quantos por cento são verdadeiros. Se é
do Japão ou do Ocidente, existem inúmeros relatos de testemunhos, mas nem todos
eles são confiáveis.
- Oh!
- Por exemplo, no Japão os
espíritos amaldiçoam, enquanto os espíritos no ocidente não. Será que isso
significa que existem diferenças entre os espíritos japoneses e ocidentais? Se
os espíritos são espíritos, então não há diferença em sua natureza. Não importa
se é um gato japonês ou um gato ocidental, os gatos comem ratos, não é mesmo? E
o mesmo raciocínio se aplica aos espíritos fazendo coisas ruins. Os países
ocidentais chamam de "espíritos malignos" e os restantes, os
espíritos que não assombram são chamados de 'fantasmas'.
- Então é assim...
- No final, isso também é apenas
uma teoria. Existem outros entes muito diferentes existentes. Por exemplo, se
um espírito apareceu aqui, e uma testemunha estava com medo que ele faria mal,
e coincidentemente pegou um resfriado neste momento, vai colocar a culpa no
espírito. Daí toda a situação se transforma em um boato de uma assombração.
- Isso realmente acontece!
- Sim, com isso, criou-se a teoria
de que os fantasmas japoneses assombram, enquanto os fantasmas ocidentais não.
Na verdade, é graças à psicologia dos japoneses. Dessa forma, uma vez que a
situação é filtrada pelo "povo", a verdade será ilimitadamente
distorcida. Existem vários mal entendidos, alucinações e equívocos nos
depoimentos de testemunhas oculares, como isso não podemos dizer o que era
realmente verdade. Por isso atualmente a investigação de espíritos é uma
bagunça.
Naru continuou sua explicação:
- Porque é muito difícil fazer uma
experiência sistemática, as pessoas têm várias teorias diferentes, algumas
pessoas acreditam que dentro do corpo de uma pessoa existe uma 'alma', que
permanece mesmo após a morte. E há pessoas que acreditam que o
"espírito" é um tipo de meio de comunicação entre os vivos e os
mortos. E há ainda outros que acreditam que os seres vivos emitem um tipo de
íon invisíveis, algo como uma aura, o íon permanece depois que o ser vivo
morre, e se torna o que as pessoas vêem como fantasmas.
- Essa descrição é bastante adequada...
- Na verdade os termos ‘espíritos
ligados a terra’, ‘espíritos vagante’ ou ‘espíritos protetores’ comumente
utilizado no Japão não são cientificamente reconhecidos. Nem sei quem começou
com estes termos. Portanto, o que esses termos realmente significam ninguém
sabe ao certo, porque não há maneira de confirmar isso.
- Assim que é...
- Nem as suas origens, nem os seus
significados são claros, são condições semelhantes às gírias. Sem qualquer
suspeita, as pessoas as escolhem e popularizam, isto é, também, uma dificuldade
na investigação espiritual.
- Se é assim, então não é sinônimo
de não saber absolutamente nada? - eu perguntei, Naru inclinou a cabeça e
respondeu com uma pergunta.
- Você quer que eu explique melhor
para você?
- Sim!
- As evidências que sustentam a
existência de fantasmas - não existem.
- Oi?
- Então o que temos feito todo esse
tempo?
- Você está fazendo um trabalho
temporário, não é isso?!
- Não foi isso que eu quis dizer.
- O que eu faço é reunir dados
estatísticos, gravar vídeos, sons e dados de medição. Por exemplo, não há uma
única fita que mostra claramente o aparecimento de um espírito, mas há muitos
em que apareceu uma estranha luz de nevoeiro. Quero analisar profundamente o
que realmente são, mas no nível atual de conhecimento científico, é
completamente impossível explicar o que são. Eu só posso dizer que são um novo
fenômeno presenciado na ciência. Se eu pudesse recolhê-los, então eu poderia
encontrar as semelhanças, e de lá fazer as regras de sua existência, e
esclarecer como elas realmente existem.
Ai...
- ‘Eles’, a quem eu estou
procurando, são normalmente conhecidos como fantasmas. Coletando e analisando
os dados, e então ‘caçando espíritos’. Isso é o que estou fazendo no momento,
na realidade, é objetivamente a coleta de dados, mas isto é só uma fase.
- Então isso é caçar fantasmas... e
sobre os exorcismos?
- O exorcismo é apenas secundário,
em troca de me permitir realizar minhas investigações, os exorcismos são feitos
para resolver inconveniências das outras partes, com isso eu consigo obter uma
imagem mais clara da verdade.
- Então esse é o caso.
Mas eu não entendi completamente,
então perguntei:
- Mas até agora nós encontramos um
monte de fantasmas, todo mundo viu. Você viu também, isso não pode ser
considerado como provas?
- Eu já perguntei a todos alguma
vez: alguém já testemunhou alguma experiência? Eu já pedi formalmente provas
como esta?
- Ugh...
- Eu pessoalmente tenho visto ou
sentido espíritos muitas vezes. É por isso que eu sei e acredito que todos
viram algo. Mas eu não tenho nenhum interesse em dados coletados por 'pessoas',
essas coisas, independentemente do número coletado, são incapazes de ser
evidência para provar qualquer coisa.
Ai... Minha cabeça começou doer, eu
entendi e não entendi. Em qualquer caso, eu e Naru somos completamente
diferentes.
- Que frio... - Bou-san, de repente
falou.
- Como esperado, é frio na
montanha.
- Você quer que feche as janelas? Talvez
você tenha pego um resfriado.
Ayako enfiou a mão na testa do
Bou-san.
- Não está com febre.
- Sério? De alguma maneira eu me
sinto um pouco quente...
Bou-san olhou para o Naru e disse:
- Estou febril, estou prestes a
começar a falar bobagem.
- Você acha que eu estou falando
bobagens?
- Como esperado, você é incrível.
Essa é minha opinião pessoal.
Em qualquer caso, foi o que ele
queria dizer. Bou-san, você já é um senhor e você ainda é tão astuto.
John também assentiu.
- Eu acho que Naru é muito incrível
também.
Naru sorriu levemente.
- Nesse caso - obrigado pelos
elogios.
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