quinta-feira, 17 de maio de 2012

Volume 7 - Capítulo 2 - Parte 5


Parte 5

- Será que realmente tem alguma coisa lá? – disse Bou-san, observando os homens partirem.
Yasuhara respondeu:
- Se tiver, deve ser o espírito de uma pessoa que morreu na escola... não é? Com isso, temos uma pista para seguir.
- Sim...
- Ou talvez uma pessoa que morreu fora da escola, mas que tinha uma ligação... Mas, por que a escola?
- Por que? -eu perguntei.
- Porque o espírito de uma pessoa que morreu fora da escola aparece na escola? Espíritos que ainda estão ligados a terra aparecem no local do acidente, mas a escola não é o local do acidente.
- Será que ele está à procura de redenção? - Ayako disse. - Depois que as pessoas morrem, elas vão se transformar em espíritos, em circunstâncias normais, não permanecem aqui. Mas se tiverem desejos insatisfeitos ou se não perceberam que estão mortos, elas se tornam espíritos que são incapazes de passar para o outro mundo e vagueiam neste mundo, um espírito à deriva. Espíritos com arrependimentos iriam para o local desejado; espíritos que estão inconscientes de suas mortes voltariam temporariamente para suas casas.
- É mesmo...
- Mas as pessoas vivas são incapazes de ver espíritos, certo? E eles não podem interferir com as situações neste mundo, mesmo se eles voltarem para casa não seriam vistos pela família. É por isso que eles iriam se deslocar para outro lugar, como uma escola familiar, um lugar inesquecível ou algo assim. Há também espíritos que permanecem no local e não vão embora. Se isso se repetir várias vezes pode transformar em um espírito preso a terra.
Ai. Quando eu estava bastante impressionada, Bou-san interrompeu:
- Então tem pessoas que pensam assim.
- Como assim?
- Isso significa que ainda há muitas opiniões diferentes neste mundo - não é isso, John?
Olhando para John, ele parecia incomodado:
- Acho que sim...
- Onde eu estou errada?
- Não é exatamente errada. Porque as coisas sobre espíritos não podem ser explicadas, por isso não posso dizer exatamente onde está o erro.
Eu também não entendi.
- Então quais são as outras teorias?
- Espíritos suicidas, espíritos vagando, espíritos ligados a terra, espíritos protetores, etc. Várias dessas classificações só existem no Japão, e não existem na Europa ou na América. Mesmo que se fale sobre as aparições do espírito, há enormes diferenças entre o Japão e o Ocidente.
- É...
- No Japão, nós pensamos que existem mais espíritos maldosos, e que as assombrações são causadas por isso.
- Sim.
- Mas, no ocidente a definição não é essa; assombrações e espíritos jogando maldições não são comuns.
- Ehh... Então é assim.
Bou-san olhou para Naru:
- O que você acha, sensei?
Naru deu de ombros:
- No tocante à investigação sobre os espíritos, o fenômeno paranormal era mais facilmente confundido com isso, porque os espíritos são coisas que não podem ser levadas para um laboratório.
- Um... é isso mesmo?
- A existência de habilidades psíquicas tem sido provadas convidando médiuns para os laboratórios, porque não é possível usar um espírito em um teste. Os espíritos chamados por médiuns são algo que pela observação podem ser  poltergeists. Em outras coisas relacionadas aos espíritos, as pessoas recolhem testemunhos de pessoas que se depararam com espíritos por acaso. Embora os métodos de coleta sejam simples, é impossível determinar quantos por cento são verdadeiros. Se é do Japão ou do Ocidente, existem inúmeros relatos de testemunhos, mas nem todos eles são confiáveis.
- Oh!
- Por exemplo, no Japão os espíritos amaldiçoam, enquanto os espíritos no ocidente não. Será que isso significa que existem diferenças entre os espíritos japoneses e ocidentais? Se os espíritos são espíritos, então não há diferença em sua natureza. Não importa se é um gato japonês ou um gato ocidental, os gatos comem ratos, não é mesmo? E o mesmo raciocínio se aplica aos espíritos fazendo coisas ruins. Os países ocidentais chamam de "espíritos malignos" e os restantes, os espíritos que não assombram são chamados de 'fantasmas'.
- Então é assim...
- No final, isso também é apenas uma teoria. Existem outros entes muito diferentes existentes. Por exemplo, se um espírito apareceu aqui, e uma testemunha estava com medo que ele faria mal, e coincidentemente pegou um resfriado neste momento, vai colocar a culpa no espírito. Daí toda a situação se transforma em um boato de uma assombração.
- Isso realmente acontece!
- Sim, com isso, criou-se a teoria de que os fantasmas japoneses assombram, enquanto os fantasmas ocidentais não. Na verdade, é graças à psicologia dos japoneses. Dessa forma, uma vez que a situação é filtrada pelo "povo", a verdade será ilimitadamente distorcida. Existem vários mal entendidos, alucinações e equívocos nos depoimentos de testemunhas oculares, como isso não podemos dizer o que era realmente verdade. Por isso atualmente a investigação de espíritos é uma bagunça.
Naru continuou sua explicação:
- Porque é muito difícil fazer uma experiência sistemática, as pessoas têm várias teorias diferentes, algumas pessoas acreditam que dentro do corpo de uma pessoa existe uma 'alma', que permanece mesmo após a morte. E há pessoas que acreditam que o "espírito" é um tipo de meio de comunicação entre os vivos e os mortos. E há ainda outros que acreditam que os seres vivos emitem um tipo de íon invisíveis, algo como uma aura, o íon permanece depois que o ser vivo morre, e se torna o que as pessoas vêem como fantasmas.
- Essa descrição é bastante adequada...
- Na verdade os termos ‘espíritos ligados a terra’, ‘espíritos vagante’ ou ‘espíritos protetores’ comumente utilizado no Japão não são cientificamente reconhecidos. Nem sei quem começou com estes termos. Portanto, o que esses termos realmente significam ninguém sabe ao certo, porque não há maneira de confirmar isso.
- Assim que é...
- Nem as suas origens, nem os seus significados são claros, são condições semelhantes às gírias. Sem qualquer suspeita, as pessoas as escolhem e popularizam, isto é, também, uma dificuldade na investigação espiritual.
- Se é assim, então não é sinônimo de não saber absolutamente nada? - eu perguntei, Naru inclinou a cabeça e respondeu com uma pergunta.
- Você quer que eu explique melhor para você?
- Sim!
- As evidências que sustentam a existência de fantasmas - não existem.
- Oi?
- Então o que temos feito todo esse tempo?
- Você está fazendo um trabalho temporário, não é isso?!
- Não foi isso que eu quis dizer.
- O que eu faço é reunir dados estatísticos, gravar vídeos, sons e dados de medição. Por exemplo, não há uma única fita que mostra claramente o aparecimento de um espírito, mas há muitos em que apareceu uma estranha luz de nevoeiro. Quero analisar profundamente o que realmente são, mas no nível atual de conhecimento científico, é completamente impossível explicar o que são. Eu só posso dizer que são um novo fenômeno presenciado na ciência. Se eu pudesse recolhê-los, então eu poderia encontrar as semelhanças, e de lá fazer as regras de sua existência, e esclarecer como elas realmente existem.
Ai...
- ‘Eles’, a quem eu estou procurando, são normalmente conhecidos como fantasmas. Coletando e analisando os dados, e então ‘caçando espíritos’. Isso é o que estou fazendo no momento, na realidade, é objetivamente a coleta de dados, mas isto é só uma fase.
- Então isso é caçar fantasmas... e sobre os exorcismos?
- O exorcismo é apenas secundário, em troca de me permitir realizar minhas investigações, os exorcismos são feitos para resolver inconveniências das outras partes, com isso eu consigo obter uma imagem mais clara da verdade.
- Então esse é o caso.
Mas eu não entendi completamente, então perguntei:
- Mas até agora nós encontramos um monte de fantasmas, todo mundo viu. Você viu também, isso não pode ser considerado como provas?
- Eu já perguntei a todos alguma vez: alguém já testemunhou alguma experiência? Eu já pedi formalmente provas como esta?
- Ugh...
- Eu pessoalmente tenho visto ou sentido espíritos muitas vezes. É por isso que eu sei e acredito que todos viram algo. Mas eu não tenho nenhum interesse em dados coletados por 'pessoas', essas coisas, independentemente do número coletado, são incapazes de ser evidência para provar qualquer coisa.
Ai... Minha cabeça começou doer, eu entendi e não entendi. Em qualquer caso, eu e Naru somos completamente diferentes.
- Que frio... - Bou-san, de repente falou.
- Como esperado, é frio na montanha.
- Você quer que feche as janelas? Talvez você tenha pego um resfriado.
Ayako enfiou a mão na testa do Bou-san.
- Não está com febre.
- Sério? De alguma maneira eu me sinto um pouco quente...
Bou-san olhou para o Naru e disse:
- Estou febril, estou prestes a começar a falar bobagem.
- Você acha que eu estou falando bobagens?
- Como esperado, você é incrível. Essa é minha opinião pessoal.
Em qualquer caso, foi o que ele queria dizer. Bou-san, você já é um senhor e você ainda é tão astuto.
John também assentiu.
- Eu acho que Naru é muito incrível também.
Naru sorriu levemente.
- Nesse caso - obrigado pelos elogios.

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