Parte 4
Naru e eu escapamos
para a sala de aula mais próxima, que era um lugar que tinha sido exorcizado
por Bou-san anteriormente. Devia ser seguro no momento, pelo menos.
Assim que entrei na
sala de aula, eu desmoronei no chão. Agarrei o vajra na minha mão, e abracei
minhas pernas; lágrimas caiam incontrolavelmente.
- O que devemos
fazer...?
Mesmo que eu já soubesse
que era uma situação desesperadora...
- O que devemos
fazer...?
A voz fria Naru
ressoou:
- Quem era essa
pessoa? Deve haver uma outra pessoa que pode dirigir, porque temos dois
veículos. Essa pessoa deve ter sido levada pelas crianças também.
- E nós... Nós
esquecemos sobre a existência dessa pessoa...?
-Parece que sim.
Tínhamos um outro
companheiro... Comecei a pesquisar as profundezas da minha memória.
Mas eu sentia que havia
uma névoa bloqueando, fazendo-me incapaz de ver claramente. Eu só podia sentir
que há muito tempo trabalhamos junto com alguém, reunindo experiências,
discutindo e rindo juntos.
- Nós aceitamos o
pedido do chefe da aldeia de vir para cá para realizarmos exorcismos, e depois
encontramos as crianças no caminho e pedimos que nos mostrassem o caminho. No
final, todos nós fomos selados juntos
- Parece que foi isso
que aconteceu.
- Embora parece que
deixamos as 5 crianças sozinhas para realizarmos exorcismos. Isso não é
possível. Na realidade, outro companheiro nosso deve ter ficado com elas.
- Sim, isso é
definitivamente o caso. Deixar as crianças sozinhas é uma idéia completamente
ridícula, definitivamente impossível termos feito isso.
- Se for esse o caso,
então essa pessoa devia ter alguns poderes psíquicos incríveis, mas diferentes
do Bou-san, para termos deixado ficar com as crianças.
- Esse deve ser o
caso.
- Essa pessoa dirigia?
A voz do Naru de
repente desencadeou minha memória.
Fui eu, Mai.
A voz tinha um tom
diferente, ele parecia ter um sotaque de Kansai.
-Foi o John!
- Certo... Quem ficou
com as crianças foi o John.
- Mas, espere, o John
sabia dirigir? Eu sinto como se tivesse lembrado algo errado.
- Você mesma não
disse que foi ele?
- Eu disse isso... Mas
eu sinto que há ainda outra coisa.
- Eu estava pensando
que pode ter sido similar a situação com as crianças. Pode ser que mesmo John
não podendo dirigir fomos levados a acreditar que ele poderia?
- Com efeito. - Naru
disse suavemente.
- Há um total de 8
pessoas no nosso grupo, deduzindo pelo número de copos que existem.
- Sim.
- Mas há 5 crianças
lá embaixo. Mais você, eu e o monge, num total de 8 pessoas. Se somarmos o John,
então temos 9.
- Sim - isso é
verdade.
- Se for esse o caso,
então é muito provável que John tenha sido substituído por uma das crianças.
- Mas, se esse for o
caso...
- Sim, se esse for o
caso, ele provavelmente não foi o único a desaparecer.
- Ah.
- Nós éramos um grupo
de 8, sem uma única criança. Então 5 pessoas foram substituídas.
Eu, Naru, Bou-san, e
entre os 5 havia o John e...
-Masako e Ayako.
- Yasuhara e Lin.
- Então essa era a
verdade: Masako, que desapareceu procurando o dinheiro; Yasuhara, que estava em
chamas na sala de aula; Lin-san, que desapareceu no corredor, e aquela
brincadeira maliciosa... ‘Parabéns, Ayako-san!’
- É Kirishima Yuuki!
- Naru de repente falou.
- Quem?
- Você não viu a
cópia do jornal? É o nome do professor que morreu.
- E o que Kirishima-sensei
tem a ver com isso?
- Ele é a fonte do
fenômeno que está acontecendo aqui. A pessoa puxando as cordas por trás da cena
é Kirishima. Não há nenhuma outra possibilidade. Se houvesse apenas as
crianças, você acha que elas seriam capazes de fazer esse tipo de coisa? Para criar
uma armadilha e fazer-nos desaparecer um a um, e para nós baixarmos a guarda,
enviando as crianças uma por uma para nossa companhia? Isto definitivamente não
é a vontade das crianças, nem deve ser um plano que pode ser feito por uma
criança... Ele é controlado por Kirishima nos bastidores .
- Kirishima-sensei...
Então isso significa que o epicentro é a sala dos professores?
- É precipitado acreditar
nisso.Mas a probabilidade de que seja no primeiro andar é muito elevada. Se
quisermos alcançá-lo, ele provavelmente estará na sala que ele dava aulas ou na
sala dos professores.
- É. Mas como vamos
fazer o exorcismo?
- Só podemos escolher
entre você e eu para fazê-lo.
- Naru! Você não pode!
- Então Mai, você
quer tentar?
- Você acha que eu
posso fazer isso?
- Exorcismo é
realmente muito difícil.
- Eu também acho!
- Persuasão!
-O que?
- Você tem que
persuadir Kirishima. Eu não consigo sentir um espírito ou me comunicar com eles.
- Persuadi-lo? Eu
consigo fazer isso?
No momento em que
esta frase saiu da minha boca, eu senti a pessoa ao meu lado rindo.
- Sim, se você usar o
temperamento que você costuma usar para me criticar.
Ha?
- Então vou tentar!
- Vamos para o
primeiro andar. É mais fácil fazer a ligação com os espíritos lá. Vou te
hipnotizar para ajudar você a entrar em um estado de transe.
- Estado de transe?
- É um estado onde é
mais fácil de encontrar os espíritos. Médiuns e outros psíquicos estão nesse
estado durante a convocação dos espíritos.
- Entendido.
Senti a mão de Naru
tocar em meu pulso. Sua mão se estendeu e apertou minha mão. Embora o ambiente
fosse frio, a mão que me segurou estava quente.
- Vamos descer. Não solte
a minha mão!
- Certo!
De mãos dadas, nos
levantamos. O vajra em minha mão direita me fez lembrar...
- Ne, você acha que
todo mundo vai ficar bem?
Naru respondeu em um
tom baixo:
- Isso eu não sei.
- Isto é para você. -
Eu entreguei o Vajra para Naru. A mão direita do Naru continuou me segurando, e
ele estendeu a outra mão para pegar o Vajra. - Foi Bou-san. Ele atirou para você.
Naru olhou para a
Vajra em sua mão:
- ...Foi isso que ele
disse?
- O quê?
- Nada de mais,
parece que eu tenho subestimado o Bou-san!
Que seja.
- Nós ainda podemos
fazer isso!
- ...?
- De qualquer forma,
vamos para o primeiro andar.
-Sim!
Nenhum comentário:
Postar um comentário