Parte 4
- ... Espere! - Não pude deixar de gritar.
- Kirishima-sensei, por favor, espere.
Ele se virou.
- Não vá, por favor, não faça isso!
Ele caminhou de volta da passagem escura,
seu rosto coberto de sombras escuras. Por que foi que o que eu vi foi um rosto
sombrio e trágico? O rosto cheio de gentileza de agora há pouco não existia
mais.
- Você não pode levar as crianças pra lá.
Sensei e as crianças estão mortos!
Em um instante ele estava ao meu lado.
- Por favor, entenda, todo mundo já está
morto. Mesmo que vocês voltem para a escola não há nada além de dor... Eles não
conseguirão achar nenhum conforto. Eles não podem ir para suas casas, eles não
podem ver as suas mães também... Só irão sofrer. Fazer isso não é bom!
Ele estendeu a mão e agarrou o meu ombro
com força e me puxou para dentro.
- Sensei!
Eu fui forçada a entrar. Depois disso, a
sala de aula apareceu na minha frente.
Eu estava na frente do quadro negro.
Dezoito mesas alinhadas, com as crianças sentadas. Eu enfrentei o olhar de
dezoito crianças.
- Permitam-me apresentar uma estudante
transferida!
Sensei disse ao olhar para mim. Um sorriso
gentil apareceu em seu rosto.
- Esta é Taniyama. Por favor, tratem ela
bem.
- Sim! - Toda a classe respondeu.
Sensei me empurrou para o centro da sala
de aula. Cada criança estava com um sorriso feliz.
- Taniyama é muito mais velha que vocês,
por isso, se você tiverem quaisquer problemas podem se aproximar dela para
discutir o assunto. Taniyama, todo mundo está contando com você.
Fui obrigada a sentar em uma cadeira
pequena. Ao meu lado, uma das crianças sorria alegremente.
- Sensei... Não! Você não pode fazer isso.
- Eu levantei minha cabeça. Uma menina apareceu ao lado de Kirishima-sensei.
- Sensei, parece que temos exatamente 40
pessoas agora.
Sensei afagou a cabeça da menina.
- Incrível. Você têm contado com tanta
precisão.
- Sim!
- Sensei! - uma outra criança chamou. - Se
é assim, então isso significa que podemos ter outra classe?
- Sim. Quase podemos começar outra classe
já.
- Mas, não temos outros professores! Nós
temos duas classes, mas se houver apenas um professor, vai ser muito estranho.
- Não será um problema. - Sensei sorriu. -
Há alguém que pode ser um professor.
- Sério?
- Realmente. O número de professores vai
aumentar em breve. Teremos
que montar uma sala de professores.
- Incrível! A escola vai ficar cheia de
novo, sensei.
- De fato!
Eu assisti esse diálogo triste entre
professor e aluno.
A tragédia repentina criou tantos
espíritos feridos e uma escola solitária. Eles estão se sentindo sozinhos, e
como a escola é o seu único mundo agora, eles acham que seria bom se ficasse
cheia. Mas como não ingressarão novos alunos, eles esperam pelos alunos
transferidos.
- Kirishima-sensei, por favor pare com
isso.
Sensei olhou para mim, perplexo.
- Por favor, não continue assim! Mesmo se
o número de alunos nas escola aumentar, isso não vai parar essa solidão. A solidão
de todos não é por causa do baixo número de alunos na escola, mas porque todo
mundo já não está vivo!
- O que você está falando?
Sensei estava sorrindo. Seus olhos
brilharam.
- Todo mundo já está morto! Foi um
acidente que aconteceu durante a viagem da escola... Todos já está morto! Parece
que vocês se esqueceram, mas tente lembrar. Senão vocês ficarão sozinhos e
sofrendo aqui para sempre.
- O que você está falando?
- Eu entendo seus sentimentos, sensei. É
horrível que essas pequenas crianças tenham morrido subitamente. Eles morreram
com horror e dor. Eu posso entender este tipo de sentimento. Mas isso só vai
fazer o seu sofrimento aumentar. Só vai trazer a mesma dor aos alunos
transferidos.
- Taniyama, você é realmente uma criança
estranha.
- Por favor, tentem se lembrar!
Olhei para as crianças que olhavam para
mim. De alguma forma, a classe havia aumentado para 39 alunos.
- Por causa de um acidente assustador,
todo mundo já está morto!
De repente, um menino sentado na primeira
fila começou a chorar. Como se fosse contagioso, os outros alunos também começaram
a chorar.
- É muito doloroso, muito trágico? Mas os
estudantes transferidos que foram trazidos aqui também estão na mesma dor. Se
você quer se livrar da dor, a única maneira é ir para o outro lado da ponte. Se
você atravessar o rio, a dor e o sofrimento desaparecerá. Independentemente do
que você faz aqui, a angústia não vai desaparecer.
A sala de aula estava cheia com o som de
choro. Embora eu me sentissse intimidando outras pessoas, esta foi a minha
única escolha para dar a salvação a todos.
- Se vocês quiserem se livrar da dor, tem
que ir para o céu! Trazendo mais amigos e fazendo eles sofrerem não irá
diminuir sua dor.
De repente, alguém agarrou meu pulso.
- Você é realmente uma criança
desobediente. Você fez todos chorararem. Você não sente pena?
- Claro que eu me sinto mal. Mas por causa
do jeito que eles estão presos a essa vida. Eles nunca voltarão para casa, e
continuando aqui eles nunca encontrarão seus familiares de novo. Isso é muito
triste.
Eu continuei:
- Meus pais já estão mortos. Se eles
estivessem presos como vocês, eu me sentiria muito triste. Mesmo que se
esquecessem de mim, eu gostaria que eles fossem capazes de atravessar essa
ponte e serem felizes! Ninguém aqui quer voltar pra casa? Ninguém quer ver seus
pais de novo?
A sala estava cheia de gritos. Certo! Se
todo mundo não se esqueceu, se era assim, não estariam apenas sofrendo?!
- É tudo mentira! - Kirishima-sensei
gritou em voz alta. – Essa coisa de morte é mentira! Não acreditem. Isso nunca
aconteceria no meu mundo.
- Sensei, pare!
- Não se meta com os meus alunos!
De repente, algo voou, e atingiu meu
corpo. Embora não houvesse nenhum ferimento, senti uma dor penetrante na alma.
Meu corpo estava paralisado.
- Sensei! Por favor, pense com cuidado
sobre isso!
- Cale-se! Eu e as crianças estamos bem
assim!
Bang! Algo voou para mim mais uma vez, e
expulsou-me para o corredor. E eu ouvi a voz do Naru:
- Mai! Volte!
- Volte para onde?
- Lembre-se de seu próprio corpo!
Fim do capítulo 8
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