Parte 2
- Certo, como ficaram as coisas no final?
- Fizemos o assistente do chefe da aldeia
assumir a culpa.
Ao ouvir isso, olhei para Bou-san.
- A culpa?
- Eles não querem ter problemas com a
polícia agora, certo? Mas há corpos por toda parte, assim não dá para fingir
que não aconteceu nada, mesmo se quisessem.
De fato.
- Então dissemos que o assistente descobriu
os corpos e eles que resolvessem do jeito que eles quisessem.
- Bem, isso é chamado de colher o que você
plantou.
- Certo, certo.
Por falar em corpos...
- Ne, qual é a situação no reservatório?
- Está em andamento. Como
esperado, eles pararam ontem por causa da chuva.
- ...
Eu lembrei do sonho. Por que será que Naru
apareceu?
- Vocês conseguem realmente conversar normalmente
sobre esse tipo de assunto? - O rosto da Ayako encheu-se de desgosto.
- Ayako, não precisa fingir ser sensível.
- Eu não estou fingindo, eu sou realmente
muito sensível a este tipo de assunto.
- Hee hee... Entendi. Mas médiuns não
deveriam ter atingido uma iluminação sobre algo assim. Quero dizer, os médiuns
e os monges devem ser semelhantes. É impossível trabalhar a menos que as
pessoas morram.
Eles começaram a rir novamente.
- Senhorita, o trabalho de um monge não é
limitado aos serviços de sepultamento! - Bou-san disse, contorcendo as
sobrancelhas.
- O que mais você faz além de serviços de
enterro?
- Eu também faço serviços de casamento.
- É mesmo...
- Idiota, um dia você vai se casar em
frente a Buda.
- Ahn...
- Jurar diante da estátua de Buda num
mosteiro e trocar rosários.
Rosários? Não seriam alianças?
- Isso não é nem um pouco romântico.
- Bom, de qualquer modo, estou feliz que
tudo terminou bem. E agora Mai também poderá deixar esse universo. Você não vai
precisar fazer mais nada assustador.
Ao ouvir estas palavras de Ayako, eu perdi
o entusiasmo mais uma vez.
- De fato, com o escritório fechado, não
vamos fazer mais investigações.
Com muita dificuldade eu tinha aprendido a
limpar os espíritos. Isso não está certo, eu não quero continuar a fazer esse
tipo de coisa. Mas...
- Agora eu vou ter muito tempo livre.
- Só por curiosidade, o que você costumava
fazer antes?
- Nada de especial. – Respondi para
Bou-san. – Só vivia a minha vida.
Espere!
Como era mesmo que passava meus dias antes?
- Mai-san, se você tiver tempo livre, você
não quer via ao seminário para dar uma olhada na próxima vez?
Eu estava momentaneamente atordoada com o
convite do John.
- Seminário? Mas eu nunca li a Bíblia.
- É só por diversão. Eu sempre cuido das
crianças. Elas são barulhentas, mas todo mundo se dá muito bem. Você não é boa
com crianças, Mai?
- Eu gosto de brincar com as crianças, mas
nunca estudei a bíblia antes...
John sorriu.
- Na verdade, é quase igual a brincar com
as crianças. Venha experimentar um dia.
Eu estava pensando sobre esta questão
quando Bou-san começou a rir silenciosamente ao lado.
- Do que você está rindo?
- Nada demais, só estou imaginando...
- O que?
- Padre John com as crianças!
Todo mundo caiu na gargalhada ao imaginar
John parecendo mais uma das crianças do que o responsável.
Realmente, ele parece muito jovem. Posso
imaginar John, brincado de roda com as crianças, mas sempre com um sorrindo gentil
no rosto.
- O seminário é realmente grande!
- Sim. Se você puder, Takigawa-san, você
pode vir junto também.
- Vou dar uma olhada. Será muito
nostálgico.
- Nostálgico? – Interrompi a conversa
deles.
- Sim, porque eu estive lá quando eu era
pequeno.
- ...Espere um momento! Bou-san, a sua
casa não é um mosteiro?
- É um mosteiro, e daí? Um filho de um
monge não pode ir? No seminário nós ouvíamos histórias bíblicas, também tinham
brincadeiras e lanches grátis.
- Então este era o seu objetivo real, Bou-san
é um caso perdido! - Eu ri.
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