Parte 3
- Juntos? - Foi a criança que segurava a
minha mão que falou.
- Sim. Qual é seu nome?
- Sugiura Ayano.
Ayano endireitou as costas, ele
levantou-se sem que eu percebesse. A mão antes fina, tinha virado um pouco cheinha,
e senti que estava mais suave.
- Ayano-chan, você ama seu pai?
- Sim, eu amo!
- Você ama sua mãe?
- Muito!
- Eu também amo os meus amigos, você
também?
- Eu também...
- É. Você ama sensei também?
- Eu o amo muito!
Eu sorri.
- Porque sensei é um professor gentil e
bom, certo?
- É!
Eu conseguia ver o rosto de uma menina
sobreposta ao espírito.
- Mas ele é muito assustador quando ele
fica irritado!
- Mas sensei sabe como fazer as barras
horizontais!
- Mas ele é desafinado!
Eu sorri, e olhou para as crianças na sala
de aula.
- Todo mundo adora o sensei, certo?
Imediatamente todos responderam em
uníssono: nós amamos sensei!
- Se sensei desaparecesse, vocês se
sentiriam solitário, certo? Vocês não querem que isso aconteça, certo?
Os rostinhos assentiram.
- Existem pessoas que também se sentem
assim. Todas as crianças que vieram para cá como estudantes transferidos
também.
Todo mundo ficou em silêncio.
- Todo mundo trouxe as crianças aqui por
causa da solidão, né? Mas as crianças que foram trazidas para cá também tem
professores a quem amam. Portanto, não façam mais isso.
As crianças estavam sentadas em seus
lugares, a sala de aula cheia de luar.
- Porque eu tenho os meus companheiros, apesar
de não ter mais os meus pais por perto, eu não me sinto solitária. Vocês todos
estão aqui com Kirishima sensei e se tornaram uma classe. Vocês estão sozinhos?
- De jeito nenhum!
Ouvindo aquela voz, eu me virei. Foi
Tsumura.
Acariciei sua cabeça.
- Você é realmente incrível. Porque
Tsumura é um menino esperto!
- É! - Tsumura sorriu. Olhei para
Kirishima sensei. Eu não via mais a aparência de um fantasma, apenas um homem de
cabeça baixa.
- Todos realmente te amam muito, sensei.
- ...
- Seu amado sensei existe nesse mundo, e
esse mundo existe para vocês por causa do amor do sensei por vocês. E isso é
uma coisa incrível! Não é assim?
- Sim!
Sensei ficou em silêncio por um longo
tempo antes de dizer uma única linha:
- .... Talvez eu esteja fazendo uma coisa
terrível.
- ... Sim.
Quando eu balancei a cabeça, uma luz
brilhou atrás de mim. Virei-me e uma luz clara brilhava através da fenda entre
as portas. Abri a porta. Era tão brilhante quanto o dia.
Fora da porta não era o corredor, mas um
campo; com uma grama verdinha, suave, que se estendia infinitamente, a luz
clara brilhava a partir dos céus.
Waah! - Eu ouvi as exclamações das crianças.
Sensei olhou para fora, depois ao redor da
sala de aula.
- Crianças, você querem fazer uma viagem para
o campo?
Era um barulho de alegria.
- Mas... Eu não quero ir de ônibus até lá.
- Mariko falou, inquieta.
- Não, não vamos tomar um ônibus. Vamos
caminhando até lá!
Kirishima-sensei sorriu enquanto caminhava
em direção à porta. Eu silenciosamente fui para o espaço vazio ao lado.
Sensei situou-se na lateral da porta.
- Estamos indo. As crianças mais novas
devem segurar nas mãos das crianças mais velhas. Prestem atenção para não se
perderem.
- Eba! - as crianças comemoravam felizes.
Sensei olhou para eles, e então ele
estendeu a mão para Ayano, que não soltava a minha mão.
- Ayano chan, é hora de ir também!
- Sim!
Ayano largou a minha mão e segurou a do
sensei. Ela deu alguns passos, em seguida, virou-se e acenou para mim.
- Nee-san, bye bye!
- Bye bye!
Kirishima sensei acenou para mim, então,
segurando a mão da Ayano, saiu da sala de aula.
A porta se fechou. - Eu era a única que
restava na sala de aula.
Apenas a poeira que cobria piso, cadeiras
e mesas foram deixados na sala de aula vazia inundado com a luz azul pálido da
lua.
Eu chorei... Mas não eram definitivamente lágrimas de tristeza.
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