Desculpem a demora, mas a vida anda um pouco corrida. Espero terminar de postar o primeiro capítulo até o fim do mês.
4
Em seguida veio o grupo que planejou o exorcismo. Havia oito garotos e garotas no grupo.
Naru perguntou a eles quem era o representante deles. Depois de discutir entre si pela posição, eles finalmente decidiram uma garota chamada Araki Kozue-san para falar pelo grupo.
"Então, Araki-san, por favor, nos conte como o incidente aconteceu."
"Oh, por onde eu devo começar... Minha sala fica no Bloco Leste. Esse suposto “Bloco Leste” é composto basicamente de classes especiais, como o laboratório de química, etc. A sala vizinha a minha é Sala de Preparação Musical. Ela é usada para guardar instrumentos musicais. Barulhos estranhos vieram de lá."
"E esses barulhos estranhos são..."
"Sons de coisas sendo arrastadas no chão; e o barulho era alto e claro. O professor pareceu ter ouvido também e foi até a porta ao lado checar, mas disse que não tinha ninguém lá.
"Também tinham sons sendo ouvidos na sala LL. Embora eu nunca tenha ouvido por mim mesma, muitos outros ouviram.
"Além disso, teve o dia em que minha turma tinha a tarefa de limpar a sala de geografia: quando estávamos limpando, a lâmpada de luz fluorescente caiu. Pelo menos, o tubo fluorescente. De qualquer forma, só um tubo caiu. O tubo despedaçado e os cacos de vidro voaram para todos os lados, então muitas pessoas se machucaram. Embora tenhamos contado isso ao professor, ele só pôde nos dizer para sermos cuidadosos; o problema não estava resolvido."
Ela parecia estar com raiva e assustada.
"E além disso teve os incêndios; todos dizem que eles começaram no outono passado. Pra ser mais exata, eles começaram desde que aquele estudante do primeiro ano cometeu suicídio. Eu estou convencida que tudo isso está conectado, mas a escola não toma nenhuma atitude."
"Então você resolveu cuidar do problema com suas próprias mãos?"
"Sim. Porque se deixarmos as coisas como estão, quem sabe quantas pessoas vão se machucar da próxima vez? Os professores são inúteis. Se fôssemos nós, poderíamos ser capazes de fazer alguma coisa. Diferente do que os jornais e a TV afirmam, não estamos totalmente certos de que esses acidentes são culpa do Sakauchi-kun; Mas não tomar nenhuma providência? Se não fizermos nada nunca saberemos se isso era bom ou mau, então..."
"Então é assim."
"Araki-san conhece Sakauchi-kun?"
"Não. Eu só soube de sua existência depois do incidente."
"Parece que ele deixou um bilhete suicida... você sabe dos detalhes?"
"Sim. Ele ficou conhecido instantaneamente: 'Eu não sou um cachorro'."
Não é um cachorro...
"Você sabe o que isso significa?"
"Acho que posso entender o que ele quis dizer. Porque algumas vezes me sinto como um cachorro ou uma vaca. Sou manipulada da cor do meu cabelo a cor dos meus objetos pessoais; Sou repreendida por coisas como o uso da minha língua e atitude: é como disciplinar um cachorro. Esse bilhete suicida provavelmente se refere a algo assim."
Ah ah, eu entendo aonde ela quer chegar. As regras da minha escola não são rígidas, mas não é como se eu não soubesse o quanto as regras podem ser rígidas em outras escolas. Não faz muito tempo atrás, quando eu ouvi que tinham regras como: "o tempo máximo para demorar no banheiro é três minutos", eu fiquei surpresa: quem fez essa regra tinha pessoas em mente quando a criou?
"E depois eu pensei, Sakauchi-kun deve ter odiado a escola; tem algumas pessoas que disseram ter visto o fantasma de Sakauchi-kun. É por isso que eu penso que os estudantes dessa escola poderiam consolar a alma Sakauchi-kun de maneira apropriada. Mesmo que os professores não permitam que façamos isso. De algum jeito, os professores sempre pensam que uma reunião de um grupo muito grande de estudantes significa que estamos planejando algo que não seja bom."
Eh eh. Se fosse Matsuyama, eu facilmente podia acreditar que ele diria essas coisas.
Naru concordou gentilmente.
"E além disso, vocês sabiam sobre os outros incidentes estranhos que aconteceram nessa escola?"
Eles também relataram incontáveis contos que aconteceram com eles ou seus melhores amigos.
Bou-san, parecendo frustrado, tinha desistido de tomar notas nesse meio tempo.
Depois que o grupo de Araki-san saiu, o próximo grupo foi representado por Miyasaki Masayo-san. Esse grupo afirmou ter sido mordido por um cachorro preto.
Ignorando o monge frustrado e eu, Naru continuou seu questionário pacientemente.
"E então, Miyasaki-san?"
Parecendo pequena, cercada por seus amigos, Miyasaki-san ergueu a cabeça. Seu pé estava amarrado por um curativo branco.
"Por favor."
"Sim. Essa..."
Ela examinou a sala, aterrorizada, antes de começar a falar devagar.
"No começo desse outono, coisas estranhas têm acontecido na nossa turma. Isso é… Ouvimos barulhos estranhos; como o choro de um cachorro, com "he... he..." como o som de uma respiração. Era bastante desconfortável. Depois... quem sabe quando... as pessoas começaram a ter machucados nas pernas. Foi por volta de dezembro. Era como ser mordida por um cachorro, havia até marcas de mordidas."
"Tem alguma vítima aqui e agora?"
Naru examinou o grupo. Um estudante que parecia frágil ergueu a mão.
"Qual era a situação?"
"Isso é, enquanto muito descreviam os sons do cachorro, eu nunca tinha ouvido ele, e pensei que eram apenas mentiras. Então um dia, durante a aula, eu, de repente, senti uma dor no meu pé. Foi uma pontada repentina. Eu examinei meu pé depois da aula e encontrei a marca de uma mordida. Como eu estava usando calças não era grande coisa, só tinha um pouco de sangue; também tinham furos pelo meu uniforme."
Naru assentiu, e virou mais uma vez para Miyasaki-san para que ela continuasse.
"Sim... Depois desse incidente, incidentes similares ocorriam de forma ocasional, mas ninguém nunca viu o cachorro... até pouco tempo recentemente..."
"No dia desse incidente, quem foi o primeiro a ser mordido?"
Naru perguntou. Uma das garotas respondeu.
"Fui eu."
"E o que aconteceu?"
A garota deu de ombros.
"Nada de mais, de repente eu fui mordida por alguma coisa. Mais ou menos outros cinco foram mordidos depois disso. Eu percebi o que tinha acontecido e fiquei de pé em choque. O professor perguntou o que tinha acontecido; eu disse que tinha sido mordida. E depois os estudantes que estavam junto a mim, apontaram para o lado do meu pé e disseram: 'tem um cachorro.' Quando eu olhei para baixo, eu vi um cachorro preto correndo para longe do meu pé."
"Quase todos na sala viram o cachorro?"
Miyasaki-san concordou. Depois sussurrou,
"Na verdade era uma mentira."
Eh?
"Eu quero dizer, o professor disse que ele não viu o cachorro; era uma mentira. Porque o professor fugiu da sala junto com a gente. Contudo, só para constar o professor nunca afirmou não ter visto o cachorro. Depois quando perguntamos ao professor, ele negou ter visto."
Todos os estudantes assentiram em acordo com as palavras de Miyasaki-san.
"Alguém tem alguma teoria sobre a razão do aparecimento do cachorro?"
Naru perguntou. Um estudante diferente disse,
"Inicialmente não era um cachorro, e sim uma raposa."
"Uma raposa?"
"Sim. Por um tempo, nossa escola... eh?"
Ele olhou ao redor. As duas estudantes sentadas dos dois lados dele continuaram de forma urgente,
"Por favor, o que é?"
"Tentar esconder não adianta; uma curta investigação vai revelar tudo."
Ela disse isso, olhando diretamente para Naru.
"Por um tempo, jogar Kokkuri-san (Convocar o Espírito da Raposa) era muito popular em nossa escola. Por causa disso, pensamos que era uma raposa que estava assombrando. Durante esse tempo, antes de vermos o cachorro, todos acreditavam que era apenas uma raposa."
A expressão Naru ficou séria.
"Nossa escola é muito rígida; se fossemos pegos a punição seria severa. Todos jogavam em segredo, era muito popular."
Miyasaki-san disse, gaguejando.
"Provavelmente só alguns poucos não jogaram."
"Há alguém entre vocês que não jogou?"
A pergunta de Naru não recebeu uma única resposta.
Naru assentiu entendendo, e perguntou se eles conheciam outros incidentes estranhos na escola. Como da última vez, tinham tantas histórias peculiares que eu poderia desmaiar.
5
O último grupo a entrar foi o que sofreu envenenamento em massa.
O Presidente do Conselho Estudantil Yasuhara fez com que seis estudantes entrassem, e sentou também.
"Isso quer dizer que Yasuhara também é uma das vítimas?"
Yasuhara sorriu ao ouvir a pergunta de Naru.
"Sim. Eu também sou um dos alunos de constituição baixa'. Seja qual for a pergunta, pode mandar."
Oh sim, estava escrito na reportagem do jornal "nós acreditamos que os estudantes com baixa constituição desabaram por alguma razão". O correspondente deu o seu melhor para racionalizar o incidente. Olhando para Yasuhara ou para os outros, nenhum deles aparentava ser frágil.
A expressão de Naru se suavizou momentaneamente.
"Nesse caso, vou perguntar ao representante de vocês, Yasuhara. Quais são os detalhes?"
"Talvez você já saiba por ter lido nos jornais, o incidente aconteceu no dia 18 de dezembro, segunda-feira, às duas da tarde, no meio da aula."
Direto ao ponto e fácil de entender. Yasuhara realmente é uma pessoa inteligente.
"Quase metade da turma entrou em colapso, para ser mais preciso tinha 19 pessoas.
"No começo da aula teve um aluno que se sentiu enjoado. Assim que ele saiu da sala, de repente, começaram a aparecer muitos outros dizendo a mesma coisa. Eu estava tentando entender o que estava acontecendo, quando, de repente, eu também me senti mal. Desde o começo da aula eu achei que o ar na sala estava ruim de alguma maneira. Tinha um cheiro estranho; nós abrimos as janelas; mas continuamos a discutir sobre qual seria a origem daquele cheiro, então todos estavam inquietos na hora do intervalo, por isso causou uma grande impressão."
"Então foi assim. Vocês sabem a causa?"
"Não. Quando a fornalha funciona mal, alguma pessoa é afetada, mas nada desse tipo; é uma sensação parecida. Eu já comi comida crua e por isso já tive uma intoxicação alimentar e era totalmente diferente desse incidente. Esse incidente não tem nada a ver com intoxicação alimentar. Além disso, a escola usa ar-condicionado, portanto isso elimina a possibilidade de vazamento de gás."
En en.
"Esse fedor continua na sala?"
Yasuhara assentiu.
"Estamos tão entorpecidos por ele, que não sabemos com certeza se continua lá, mas mesmo agora você pode sentir leves traços desse fedor. Quando estudantes de outras turmas visitam nossa sala, todos nos perguntam, 'que cheiro é esse?'
"E têm momentos em que o cheiro, de repente, se torna insuportável. Depois do incidente, também há momentos em que o professor se sente mal primeiro. Nessas vezes, todos evacuam a sala com medo, embora só o professor vá para a enfermaria. E além disso, eu posso dizer que houve várias ocasiões em que o fedor, de repente ficou muito mais forte. Sim, cerca de sete ou oito vezes desde o incidente."
"Houve alguma vítima?"
Yasuhara balançou a cabeça.
"Não. Pelo menos... Inicialmente eu não acreditei que isso fosse um fenômeno sobrenatural. Nossa turma está no primeiro andar; abaixo... Eu quero dizer o que está mais abaixo, isso é, no subsolo tem uma piscina de gás ruim, eu pensei que essa fosse a razão. Entretanto, Eda..."
Yasuhara virou a cabeça para olhar para o estudante perto dele.
"Esse cara jogava sal onde quer o cheiro ficasse mais forte. Depois de fazer isso, o cheiro ruim, de repente, desaparecia. Inferno, se isso fosse explicado como um fenômeno natural, seria muito estranho."
Naru olhou para o estudante que se chamava Eda.
"Por que jogar sal?"
"Ora, não dizem que sal é purificador? Nós jogamos sal quando voltamos de funerais e outras coisas. Então achei que devíamos tentar na escola para ver se funcionava. Depois de jogar o sal o fedor desaparecia instantaneamente."
"Sensação...?"
Ele sacudiu a cabeça.
"De qualquer forma, no fim do dia, eu pensei, as pessoas, muitas vezes, dizem que fazer isso (jogar sal) na escola forçava os espíritos a aparecer, e a razão para o envenenamento é não está clara; Eu sempre senti que havia uma ligação entre espíritos e o que não..."
Naru deu um leve tapa na mesa com seus dedos pálidos.
"Se espíritos estão envolvidos nesse incidente, você tem alguma hipótese sobre a causa?"
O grupo de Yasuhara inclinou a cabeça pensando.
"Eu não sei."
"Realmente? Desculpe incomodar vocês então."
Naru acenou gentilmente na direção de Yasuhara.
"For isso, eu tenho uma pergunta para o presidente do conselho estudantil Yasuhara."
"Sim."
"Quando foi a primeira vez que você notou as coisas estranhas que acontecem aqui?"
Yasuhara fez uma leve pausa para pensar.
"Eu comecei a pensar 'definitivamente tem algo errado aqui' pela primeira vez, com o absentismo em massa. Só... sim, eu comecei a sentir que tinha alguma coisa errada na época do festival cultural."
"Quais são os detalhes?"
"Porque o número de rumores cresceu. Desde o outono, os boatos estudantis falavam de nada além de contos estranhos. Aqui e ali alguém viu um fantasma ou alguma coisa; eu ouvi essas histórias e comecei a me sentir inquieto."
Yasuhara estava bem sério.
"Como tínhamos que arrumar tudo para o festival cultural, todos permaneciam na escola até tarde. Isso é, de repente, todos estavam relutantes em ficar. A mudança nas tendências (atitude) das garotas era muito grande. Normalmente elas ficariam até tarde mesmo se não tivessem nada para fazer. Eu achei um pouco estranho."
Naru assentiu.
"E sobre a série de incêndios que aconteceram antes do absentismo em massa. O que você acha disso?"
"Eu não me lembro da data exata; o primeiro incêndio foi pelo meio de outubro. No início eu pensei que tinha sido iniciado por algum cara brincalhão ou alguém que usou fogo sem ter cuidado. Mas dez dias depois teve outro incêndio. Naquela época os professores estavam ficando um pouco nervosos, a pessoa que fez isso continuava desconhecida. E então, o próximo… "
"Doze dias depois?"
"Sim. Chamar isso de incidente seria muito estranho, e teve aqueles que disseram que não eram incêndios culposos. Os professores, aparentemente, aumentaram a proteção, mas doze dias depois os incêndios continuavam a acontecer. Embora os professores fizessem rondas cuidadosas (na escola), eles ainda não conseguiam identificar o culpado."
"E ainda teve outro incêndio doze dias depois?"
"Sim. Depois eles até usaram os fechaduras especiais que as escolas de garotos usam, mesmo que eles não se importassem mais. Mas mesmo assim houve um incêndio. Nessa época o incidente de absentismo em massa aconteceu; no fundo eu pensei que seria muito estranho se no fim fossem incêndios culposos."
"E desde então há um ciclo de doze dias?"
"Sim. Sempre na manhã do décimo Segundo dia."
"Fechaduras?"
"Estão trancadas."
"Quando vai ser o próximo incêndio?"
"A última vez foi no dia onze, então a próxima deve ser no dia vinte e três. É daqui a dois dias."
Naru estava em pensamento profundo. Ele batia sua caneta esferográfica na mesa e de repente ergueu os olhos.
"Finalmente..." Enquanto dizia isso, ele olhou para o grupo, e perguntou a eles sobre os estranhos rumores. Depois de ouvir a última de suas incríveis histórias, Naru fechou o notebook e levantou.
"Vocês podem me deixar ver sua sala?"
"Sim, por favor."
Nenhum comentário:
Postar um comentário