sexta-feira, 26 de julho de 2013

Volume 4 - Capítulo 2 - Parte 7 e 8



7

O sol havia se posto, e os arredores começaram a ficar escuros. O monge e John voltaram para a Sala de Reuniões.
Assim que entrou na sala o monge assoviou.
“Oh, Mai, está em seu próprio mundo com seu namorado? Quanta maturidade.”
Realmente. Quem é meu namorado?!
“Yasuhara-kun também é bem rápido. A juventude é ótima~:
Isso, ah…
“Takigawa-san, isso não é justo. Foi uma rara oportunidade que para nós termos uma conversa profunda.”
En!
Ao ouvir a resposta inteligente de Yasuhara, John bateu a cabeça no quadro branco. O monge, também, encarou Yasuhara com um sorrisinho.
“Eu gostaria que você tivesse mais consideração pelos sentimentos dos outros.”
Como se contasse um segredo, o monge colocou suas mãos nos ombros de Yasuhara.
“Meu jovem… Vamos conversar um pouco.”
“Sim.”
“Eu entendo seus sentimentos, mas você deve considerar a situação e o local.”
“Ah, certo. Da próxima vez, farei meu melhor.”
Isso… Isso…
“Você tem que considerar a atmosfera para esse tipo de coisa…”
Isso… Ei, ei?
Olhando fixamente para Yasuhara, o monge disse, “Você gosta da Mai?”
“Sim, eu gosto.”
… …
“Ah, mas também gosto de Shibuya-san. Ele é muito bonito!”
Gong. John bateu a cabeça no quadro branco de novo.
“Mas eu gosto de Takigawa-san ainda mais *coração*”
O monge olhou seriamente para Yasuhara pelo canto dos olhos.
“Meu jovem…”
“Sim?”
“Você, você está zombando de mim?”
“É claro *coração*”
Com um grito de “ai”, o monge o empurrou. Para escapar do golpe do monge, Yasuhara se colocou atrás da mesa.
“Não brinque com adultos!”
“Isso foi porque você estava querendo brincar com crianças.”
Sim, sim…
Sorrindo, Yasuhara serviu café para os dois.
“Como o trabalho está indo?”
O monge parecia ter recebido uma pergunta que ele não gostaria de responder.
“Não estou com vontade de responder à perguntas sobre o trabalho.”
“Não está indo bem?”
Em resposta à minha pergunta o monge simplesmente encolheu o pescoço. John fez uma marca na Sala de Geografia, onde a lâmpada fluorescente caiu durante a limpeza. Ele marcou-a fazendo um “J”. Isso significava que aquele lugar já havia sido exorcizado por John. Enquanto ele continuava marcando outros lugares, ele respondeu no lugar do monge.
“A quantidade é muito grande.”
A planta da escola estava no quadro branco. Lugares problemáticos foram marcados com números, e os lugares que foram exorcizados eram marcados em vermelho.
Depois de um dia inteiro, apenas um quinto tinha sido concluído.
“Qual é a situação com Masako?”
Dessa vez também não podemos contar com Masako?
O monge suspirou.
“Embora ela insista que embora não possa vê-los, mas pode definitivamente senti-los, eu não sei o que está acontecendo realmente.”
“Ei, o Naru não disse que no Japão a Masako é uma médium de nível um? Uma coisa desse tipo aconteceria com uma médium de primeira classe?”
“Tem razão…”
O monge gemeu dolorosamente.
“Masako é boa ao canalizar espíritos.”
“Canalizar espíritos?”
“Ah. Ela invoca um espírito e deixa que ele possua seu corpo. Então ela pode fazer profecias, e responder à perguntas. O que ela faz não é muito diferente de Kokkuri.”
“Ah, programas de televisão muitas vezes transmitem isso.”
“Aparentemente, ela já fez muito isso. Mas…” O monge parecia sentir dor. “Naru disse antes, ‘as únicas coisas que espíritos sabem, têm a ver com a morte’.”
Hmm.
“Nunca duvidei disso antes, mas quando Naru disse isso, pensei que devia ser o caso. Por exemplo, eu deixei Masako invocar o espírito do meu avô de volta do mundo dos mortos. Meu avô, possuindo Masako, não apenas sabia coisas que só meu avô e eu saberíamos, mas também respondeu minhas perguntas. ‘’Como vai ser minha sorte no amor?’ ‘Mais ou menos.’ Esse tipo de conversa.”
“Sim.”
“A conversa entre o espírito e eu foi assim, mas o que realmente acontece?”
Eu... Entendo. Isto é muito difícil. John entrou na conversa.
“Algum tempo atrás, me pediram ajuda para escrever um artigo. Há alguns pesquisadores que dizem que existe dois tipo de médiuns.”
“Dois tipos?”
“Sim. Médiuns reais e aqueles que têm Percepção Extra-Sensorial.”
O monge concordou.
“Ah, não tenho certeza, mas acho que já ouvi isso. Esse seria o Professor Davis.”
“Então você lembra. O que o Professor disse foi, que médiuns não precisam ter poderes psíquicos.”
“Ha?”
Eu não entendia a conversa deles por completo.
“É por isso… Digo; a médium pode invocar o espírito do meu avô, certo? O espírito do vovô pega o corpo da médium emprestado e diz coisas que só meu avô e eu sabemos. Algumas pessoas dizem, que o espírito do meu avô não precisava necessariamente possuir o corpo da médium.”
“Mas a médium não sabe coisas que só John e seu avô saberiam?”
“Sim. Mas pode não ser o espírito que conta ao médium. A médium pode ter PES (Percepção Extra-Sensorial)… Tem uma chance de que ela seja psicometrista.”
“Psico…? O que é isso?”
“Psicometrista. É uma pessoa com psicometria. Essa ‘psicometria’ é ser capaz de poder sentir a história ou eventos relevantes por meio de objetos. Por exemplo, você pega uma mala na rua. Um psicometrista poderia ver o passado e o futuro da mala; que tipo de pessoa o dono da male é, o que está fazendo agora, e o que vai fazer depois disso.”
“É assim?” Eu perguntei, e John assentiu.
“Sim. Exatamente. O próprio Professor Davis é um psicometrista, é por isso que ele criou essa teoria.”
“Esse Professor Davis, é aquela pessoa que tem psicocinese (PK)?”
“Sim. O Professor Oliver Davis. Ele era um pesquisador na SRP – Society of Psychical Research (Sociedade de Pesquisa Psíquica). Ele não apenas era um psicometrista, ele também podia usar PK e PES. O Professor Davis tinha um irmão chamado Eugene Davis, que era um médium. O Professor antes tinha mencionado que Eugene Davis era um puro médium. Embora Eugene não conhecesse a Alemanha, se ele invocasse um espírito alemão, ele falaria alemão; se fosse grego, ele falaria grego. Esse tipo de ocorrência é muito rara. Seria impossível a menos que um espírito o possuísse. Entretanto, entre os médiuns, há alguns que falam japonês, independente da nacionalidade do espírito invocado.”
Então o caso é esse…
“Não muito tempo atrás, eu vi um programa de Itako (uma médium espiritual da região nordeste do Japão) canalizando espíritos na televisão. Naquela vez Itako invocou Marilyn Monroe. Invocar a Monroe é engraçado, mas aquela Monroe podia falar até japonês. De qualquer forma, eu achei aquilo muito estranho e muito engraçado.”
“É?”
“Há alguns casos assim, mas por outro lado, também há médiuns como Eugene Davis, Rosemary Brown e Frederic Thompson.”
“Ha…?”
O monge explicou para não ficar de fora, “A senhora Brown compôs músicas com a ajuda de espíritos. Supostamente ela não tinha treinamento musical, mas podia fazer música através da invocação de espíritos. Dentre os espíritos invocados, estavam Beethoven e Chopin, e outros compositores, então algumas das músicas dela eram até no estilo de orquestras. As músicas eram completamente no estilo de vários compositores, e de uma perspective musical, elas pareciam ser muito bem aceitas.
“E quanto a Thompson, ele desenhava. Ele deixou o espírito de um pintor chamado Robert Swain Gifford possuir seu corpo, e deixou que ele desenhasse. Os desenhos eram todos de cenários, lugares que Gifford visitou quando estava vivo; além disso, eram lugares que ele tinha mencionado aos amigos que gostaria de desenhar. Agora, o mais inacreditável, Thompson não tinha visitado os locais, nem visto uma fotografia dos lugares. E é claro, a arte era totalmente no estilo de Gifford.”
“Ele…”
John concordou.
“Apesar disso tudo, entre os médiuns há aqueles que sobressaem respondendo perguntas ou fazendo previsões. O Professor Davis também disse uma vez, que ao invés de chamarmos eles de médiuns, devíamos chamar de pessoas com Percepção Extra-Sensorial. Pessoalmente, ele não acreditava que respostas e profecias eram passados, por meio de espíritos.”
“Hmm hmm”
“Então era assim.” O monge sussurrou.
“Masako seria considerada uma médium desse ultimo exemplo. Seja respondendo perguntas ou fazendo profecias, ela era excelente. Em outras palavras, ela era mais como uma psicometrista. Ela também disse que era mais fácil com espíritos com que tinha uma forte conexão.”
Yasuhara suspirou, parecendo preocupado.
“É realmente complicado.”
Por alguma razão, eu não podia relaxar.
“Isso eu sei... Mas o que exatamente está acontecendo? Isso mudou tanto a ponto de Masako não ter a habilidade de ver espíritos?”
“Não estou dizendo que ela é completamente incapaz disso. Mas se levarmos em consideração que ‘Masako pode ver espíritos’, é como se ela tivesse uma ‘visão clara’ por meio de um objeto, ou a escola... embora eu não esteja muito certo.”
Hmm~
“É por isso que Masako não precisa ser capaz de ver aqueles espíritos necessariamente. Agora mesmo, aqui, poderíamos estar cercados por espíritos que Masako não pode sentir.”
Entendo…
“Mai, você entende?”
“Ah… Estou ficando com dor de cabeça...”
O monge suspirou.
“Eu também. É porque estamos pensando em coisas inimagináveis.”
“Exato.”
“Portanto, Mai,” o monge olhou para mim.
“Você já sentiu alguma coisa?”
Eu?
Antes que eu pudesse responder, Yasuhara disse, do nada, “Ah, você não disse isso antes. Que o incêndio poderia ser na Sala de Vídeo ou algo assim.”
John e o monge viraram para me encarar.
Wu… Espere um minuto. Aquilo pode ter sido só um sonho.
“Mai?”
Como o monge insistia, eu contei o incidente, com dificuldade.
“Foi um sonho que tive quando cochilei.”
“E então?”
“Eu quis dizer…”
Tremendo de medo, eu descrevi o sonho. É claro que removi a parte em que Naru aparecia.
O monge ficou parado, com o rosto sério.
“Mai. Vá dormir. Vá dormir agora.”
“Ha?”
“Seus sonhos têm algum significado. Está coletando informações. Seja uma boa menina e vá para a cama.”
“É verdade. Mai-san, por favor, vá dormir.”
O que aconteceu? Até o John estava assim.
“Pode ter sido um simples sonho.”
“Isso é impossível. O exorcismo das alas com fechaduras especiais realmente foi feito por Hara-san e Matsuzaki-san.”
Uh?
“Ma… Mas, pode ser uma coincidência…”
“Sabe? Isso foi pesquisado por Charles Tart e outros: sonhos e PES tem uma conexão profunda.”
“Ha…”
“Em especial, naqueles que têm um sono profundo. Eles têm experiências com o fenômeno da PES depois.”
“Sim. Uma maneira mais certa de saber isso é o AdEC, Alteração Discreta do Estado de Consciências.”
Espere um minuto...
“Esse estado de dissociação de consciência é o mais forte, quando médiuns invocam, ou quando usuários de PES usam seus poderes de psicometria. Como Naru, você tem uma PES latente. Além disso, você descreveu a parte em que Ayako faz o exorcismo, corretamente. Seus sonhos definitivamente têm significado. Vá dormir.”
Não podia ser. Além disso, não podem parar de dizer essas palavras profundas, toda hora? Para começar, mesmo que me mandem dormir, não é fácil dormir assim!
“Esqueça isso.”
Foi Yasuhara quem disse.
“Mesmo que seja Taniyama-san, é difícil se forçar a fazer as coisas que os outros querem desse jeito.”
Exatamente. Exatamente.
“E ela não parece acreditar em suas próprias habilidades.”
Sim, sim.
“Não podemos depender da Masako. Nós estávamos apenas nos agarrando à esperança que você é Mai. Talvez, como a habilidade de Masako de ver espíritos, você não seja capaz de prever essa situação.”
“Está certo, quanto mais relatórios, melhor, está decidido.”
Mas…
“Hoje à noite vamos descobrir.”
Yasuhara disse, com certeza na voz.
“Hoje à noite, ou para ser mais exato, amanhã de manhã, se o incêndio acontecer, vamos saber exatamente o quanto podemos confiar nos sonhos de Taniyama-san. Se o incêndio acontecer na Sala de Vídeo, você vai poder ser capaz de acreditar em suas habilidades, Taniyama-san.”
En… Talvez…
“Se este for o caso, Taniyama-san vai nos ajudar a superar tudo isso.”
“Meu jovem, desde quando você começou a ser o auxiliar da Mai?”
“De agora em diante.”
Realmente… Vou seguir seus desejos então…
Ao escurecer, todos nos recolhemos, o monge e John explicaram a todos, a situação.
Embora eu esperasse isso desde o começo, Ayako e Masako me lançaram olhares frios. E contrastando a isso, Naru e Lin-san continuaram sem expressão.
Antes que Ayako pudesse usar sua lingual afiada, Naru ergueu suas mãos pedindo silêncio.
“Yasuhara-kun está certo. Só precisamos ver onde vai acontecer o incêndio para descobrir. Lin –“
Naru virou para Lin-san, que continuava a suas costas, esperando, como um espírito preso.
“Arrume o equipamento na Sala de Vídeo.”
Sério? Está tudo bem, acreditar no sonho que eu tive? Não vou me responsabilizar…
Com sentimentos confusos, eu arrumei o equipamento na Sala de Vídeo. Eu perguntei a Naru onde parecia suspeito, e ele disse, “ali”, com a confiança de um psíquico. Eu estava desconfiada, mas apesar disso, estava um pouco feliz. Mas se não houvesse incêndio, vou parecer uma idiota sorridente. “Tenho que fazer isso certo, dessa vez”, pensei comigo mesma.
Eu estava esperando ansiosa pelo amanhecer, para saber o resultado do experimento. Quando o céu clareou, pra ser mais exata, às 4:32:24 da manhã, chamas, de repente, jorraram de uma parede fria.
Era a Sala de Vídeo.

8

Estávamos fora da Sala de Vídeo naquela hora.
Como já era a hora de o incêndio acontecer, observamos a situação na sala, através do equipamento. É claro, que a Sala de Vídeo não era a única sob observação. Lin-san e John estavam do lado de fora da sala com fechaduras especiais, observando a situação lá.
Mas, o único lugar onde ocorreu um incêndio, foi a Sala de Vídeo.
Pelo monitor, Naru, o monge, Yasuhara e eu, vimos a parede incinerar com nossos próprios olhos. Do nada, chamas jorraram da parede da sala.
O incêndio era foi mais intenso que os registrados anteriormente. Num instante, o teto estava queimado, e o fogo se espalhou pela sala.
O monge e Yasuhara correram para a sala, carregando extintores de incêndio.
“Muito bem.”
O monge me aplaudiu. Eu comecei a me sentir muito perplexa.
“Eu entendi. O que devo fazer?” Para dizer a verdade, era isso que eu sentia. De agora em diante eles não pensariam que meus palpites podem estar certos? Talvez eu fosse prever as coisas corretamente, talvez não. O que vou fazer se o que eu previr não estiver certo?
Ao contrário de mim, que estava desesperada, Naru estava inexpressivo, e perguntou, “Quais os outros locais onde as luzes flutuantes estavam?”
“A Sala de Impressão, e a sala LL e…”
Minha voz ficou baixa enquanto eu lembrava as salas onde tinha visto as luzes flutuantes, no sonho.
Isso era um incidente incrível…
Logo a responsabilidade caiu sobre meus ombros. Atrapalharia todo mundo se eu desse uma informação falsa. Mesmo se eu não tivesse certeza de se o que disse era verdadeiro ou falso. O que eu devia fazer?
“Mai?” Olhando para mim, que estava em silêncio, Naru insistiu.
“A luz flutuante na enfermaria parecia maior. Mas isso pode ser só coincidência. As novas previsões podem não estar certas…”
As palavras margas de Naru cortaram minha resposta, duramente.
“Não tenho grandes esperanças em você.”
Som de alguém *Muito Triste*.
Não. É assim que tem que ser. Seria terrível se todos tivessem grandes expectativas em mim. Apesar de dizer isso, me senti muito sozinha, por dentro. Ah, o ser humano é muito complicado.
Falando em complicação, Masako e Ayako, que correram para a Sala de Vídeo, me olhavam com expressões muito estranhas. Deixando de lado Ayako, a confiante-sem-razão, eu podia entender os sentimentos de Masako.
Tendo sempre carregado tamanha responsabilidade. Se fosse eu, eu teria um pouco de confiança em mim mesma, se minhas previsões estivessem certas umas cem vezes. Mas, se quando minha confiança começasse a crescer, minhas previsões, de repente, não estivessem mais certas, e se ao invés disso Ayako ou outra pessoa previsse corretamente, eu estaria um pouco abalada.
Dessa vez não importava que tipo de comentários sarcásticos fariam, eu enfrentaria isso. Sim.
“Não pense muito nisso. Só faça o que faria normalmente. Se pensar muito, vai acabar sem conseguir fazer nada.”
“Ok…”
Eu movi meus olhos. A câmera parada no meio da Sala de Vídeo, capturou minha visão.
Embora o fogo, felizmente, tivesse sido extinguido, o equipamento montado lá era uma visão patética.
“Coitada…”
Eu passei a mão pela câmera que estava coberta de branco por conta do extintor.
“Ei, Naru, essa câmera está quebrada?”
Naru deu de ombros.
“Deveria estar arruinada. No mínimo, não vai poder ser ajustada.”
“Wa, que desperdício…”
A câmera era muito cara. Foi isso que eu ouvi.
Naru rispidamente disse, “Ela estava no seguro.”
Ah, então era assim? Isso é bom… Então… en?
“Naru. O que você disse?”
“En?”
“Você não disse que colocou ela ‘no seguro’, disse?”
Quando Naru e eu nos conhecemos, essa câmera cara teve uma participação. Naru disse para mim, que eu tinha quebrado a câmera acidentalmente, “Você vai pagar por ela? Se não, vai ter que trabalhar para mim.” O que foi isso? Ela já estava no seguro?”
Naru se fez de surdo e mudo.
“Você só queria alguém para ajudar e me enganou, seu bastardo~”
Frustrado, John abriu a boca para falar.
“Esqueça isso. Fique feliz por nada ter acontecido, no fim. Em… Embora isso seja, realmente, triste, Shibuya-san. É tão raro alguém presenciar um fogo que se inicial do nada; embora seja uma oportunidade incrível para fazer um vídeo, nessa bagunça o precioso vídeo também...”
A situação já era uma grande confusão, por isso continuar a discutir, não ia ajudar em nada. John provavelmente queria dizer algo assim. (John, como sempre, falava de forma confusa quando se sentia frustrado)
No entanto, dizendo isso, os olhos de John, os meus, e os de todos estavam fixados nas mãos de Naru. Algo preto e retangular. – Uma fita.
A fria voz do monge veio do lado.
“Este é um exemplo real, em que um rolo de fita é mais precioso que a vida humana.”
Esse, esse cara.
Naru virou para Lin-san.
“Lin, arrume o equipamento de novo.”
Abominável… Esse cientista absurdo!!
Eu não era a única a reagir mal àquele silêncio.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Volume 4 - Capítulo 2 - Parte 5 e 6

Capítulo 2

5


John e o monge retornaram logo depois que Naru deixou a Sala de Reuniões.

“Como está indo?”

“Quem sabe? Não seria tão ruim se eu soubesse.”

Realmente…

John também inclinou a cabeça. Enquanto marcava a planta da escola no quadro branco, ele disse, “Por hora, embora eu tenha feito orações, de acordo com as instruções de Hara-san, não parecer ter surtido efeito…”

De repente, uma imagem cruzou minha mente. John estava jogando água benta. Os pálido espíritos brancos deixaram aquele lugar e foram para outro local.

“Não posso dizer com certeza, mas talvez eles tenham escapado…”

“Ha?”

“Nada. Ah, certo. Ei, eu sou capaz de reverter feitiços?”

John e o monge olharam um para o outro.

“Vocês dois acham impossível?”

“…Um simples.”

Depois que eu terminei, John disse, “você deve ser capaz de fazer o básico, e tem o método de jogar sal e dizer ‘Em nome do Senhor, eu ordeno a você, espírito do mal, que vá’. Mas Mai-san é cristã?”

“Não.”

“Se esse é o caso, talvez fazer isso não vá funcionar.”

“Isso é…”

Se for eu, é impossível… Como o esperado.

“Por que você veio com isso de repente?” O monge perguntou incrédulo.

“É possível que eu precise usar… Algo desse tipo…”

John e o monge trocaram outro olhar.

“Se deixarmos Mai conduzir exorcismos, você não acha que estaremos todos condenados?”

MER*A.

Quando eu estava prestes a gritar com o monge, ele repentinamente disse para mim, de maneira sincera, “Com os dedos para dentro, junte-os e coloque um sobre o outro.”

…?

“Assim.”

O monge me mostrou como entrelaçava os dedos, com a palma para for a, e dobrou os dedos para dentro formando um monte.

“Desse jeito?”

“Depois, coloque seus indicadores e os polegares juntos na vertical.”

Parecia a posição usada por ninjas ou algo assim. E os dedos doíam um pouco.

“Este é o Selo de Acalanatha. Mantenha a posição do selo corretamente, diga, ‘naumaku, sanmanda, bazaradan, kan’.”

“Ha?”

“Naumaku, sanmanda, bazaradan, kan.”

O monge rapidamente escreveu as palavras no quadro branco.

“Tente praticar isto. Diga isso três vezes sem parar.”

“En… naumaku, sanmanda, bazaradan, kan…?”

“Se, depois que disser o encantamento, o espírito não desaparecer, faça isto.”

O monge liberou o selo, levantou o indicador e o dedo do meio de sua mão direita e os prendeu com sua outra mão.

“Forme o Selo da Espada, se concentre.”

“Ok. Assim?”

Eu tentei imitar as ações do monge.

“Não está mal. Este é o mais fácil. Não vá morder a língua sem querer por estar impaciente.”

“Sim~”

“Diferente do cristianismo, isto funciona até com quem não acredita. De qualquer forma, dê o seu melhor..”

Isso foi uma indireta para John? Você realmente diz muitas coisas redundantes…

“Ok. John, vamos para o próximo lugar. ‘Não Há Chuva, Mas a Água Cai.’…”

O monge se voltou e olhou para um cartão que eu tinha escrito.

“A Sala de Impressão do Primeiro Andar.”

O dedo do monge procurou pela localização da Sala de Impressão na planta do andar que estava no quadro branco.

“Aqui está.”

Aquele lugar é…

Acidentalmente me lembrei do sonho que eu acabara de ter.

A voz de Naru no sonho. “Aquilo é o mal.” As luzes flutuantes agourentas. A sala em que elas estavam.

“Vocês não podem ir lá.”

Não pude deixar de dizer.

“Eh?”

O monge e John se viraram para me encarar. Frustrada, eu disse, “Deixe aquele lugar por enquanto. Vocês poderiam ir à Sala de Preparação Musical primeiro?”

Embora o monge parece estar pasmo, ele aceitou o cartão que eu lhe entregava silenciosamente.

“‘A Sala de Preparação Musical Onde Barulhos são Ouvidos’? Vamos, John.”

“Sim.”

6


Enquanto eu conferia o (desaparecimento) dos passos dos dois, inclinei minha cabeça pensando.

Por que eu disse aquilo...? Aquilo era apenas um sonho. Não tinha um significado especial. Isto não deveria… O que acontecera na Sala de Impressão era que frequentemente a água ficava pingando e criava poças por todo o lugar. Era apenas um incidente desse nível; nada que pudesse ser considerado “sinistro” tinha acontecido.

Mas…

Quando não conseguia mais raciocinar, a porta da Sala de Reuniões se abriu, e Yasuhara apareceu.

Ele obedecia as ordens de Naru, e correu por todo o lugar movendo o equipamento.

“Terminou o trabalho?”

“Sim. Se está se referindo às ordens que eu tinha que cumprir.” Yasuhara disse, sorridente.

“Você gostaria de uma xícara de café?”

“Ah, eu faço isso.”

“Não precisa, sempre foi meu trabalho fazer o café.”

“Se esse é o caso, eu realmente deveria fazer o café. Você não fica entediada fazendo o trabalho que sempre faz?”

Wa. Desculpe por perturbar você~

“Sobre isso, Taniyama-san… A causa era aquela que esperávamos – o Kokkuri?”

“Parece que sim.”

“Hu… É muito injusto. Kokkuri e outros parecidos, são, obviamente, jogos que são praticados em todos os lugares.”

“É verdade, Naru disse algo desse tipo.”

“Parece ser muito popular na escola fundamental que minha irmã frequenta. Mas essas coisas estranhas só acontecem na nossa escola.”

Sim.

“Mas o Kokkuri popular nesta escola é muito estranho. É chamado de Worikiri-sama, certo?”

“É? Embora eu não saiba dos detalhes, parece que é muito complicado que seja isso ou aquilo. Sem dizer que este lugar dá uma sensação estranha.”

“Complicado?”

“Sim. Diferente do Kokkuri regular, este parece ter vários regras. Por exemplo, o papel não pode ser usado mais de uma vez.”

“Ele~ Realmente é muito estranho.”

“O papel usado deve ser jogado num santuário ou algo assim. E tem a entonação de encantamentos…”

“Worikiri-sama, Worikiri-sama… algo assim?”

“Não é assim. Como é mesmo…? Eu só escutei isso algumas vezes. ‘Oh~Worikirittenantara’ ou algo assim.”

“O que é aquilo, ah, isto?”

Eu imediatamente me senti estranha.

“Era tão estranho quanto o esperado? Talvez este método só seja usado na nossa escola.”

“Eu sempre achei isso estranho; Kokkuri e o que não… Onde todos aprenderam este método?”

Yasuhara inclinou a cabeça.

“Boa pergunta. Talvez alguém ouviu isso em algum lugar... Seria interessante investigar isto. ‘Com quem você aprendeu a jogar Worikiri-sama?’ ou algo parecido. Tem que ter alguém que inventou isso.”

“E ainda há pessoas jogando o Kokkuri normal?”

“Não deve haver muitos. Lá pelo outono todos estavam jogando Worikiri-sama. Às vezes algumas pessoas chamavam Worikiri-sama de ‘Kokkuri-san’ ou ‘Cupido-san’ etc, logo no começo. Isso, não diziam que Kokkuri-san causava assombrações? Então ninguém mais jogava isso. Depois alguém disse que Worikiri-sama não causava assombrações, e que os passos eram bem complicados. E eles disseram que se você seguir as regras é completamente seguro.”

“Então foi por isso que você jogou?”

“Minha curiosidade é muito forte. Eu sempre quero experimentar uma vez.”

“Posso entender isso… Em retrospectiva, a quantidade é realmente exagerada. Por que sera que é tão popular?”

“Se nós analisarmos as razões para a popularidade disso, você veria que não é um grande problema. Talvez seja algo assim: talvez seja porque os passos sejam muito diferentes. Olhe, você vê aqueles papeis? Separados, eles são pouco estranhos. As pessoas pensam que é uma novidade.”

“E é?”

A expressão de Yasuhara ficou um pouco mais séria.

“Embora haja outras explicações, ‘alunos reprimidos querendo liberar o estresse’ e esse tipo de explicações, não são convincentes; porque isso vai virar um problema de alguma maneira.”

“Yasuhara-kun… Não posso deixar de sentir que você é muito sábio.”

“Sim. Tenho sido chamado de ‘homem velho’ por algumas pessoas. Por causa do meu apelido, isto é ‘Echigo-ya’.”

“Eh… Echigo-ya?”

“Sim. Eles dizem que eu pareço um velhinho gentil, mas eles não podem dizer o que realmente estou pensando lá no fundo.”

Talvez seja isso… Lá no fundo…

“É hoje.” Yasuhara disse de repente.

“Eh?”

“O décimo segundo dia. Hoje à noite. Pra ser mais exato, amanhã de manhã. Vai haver mais um incêndio na sala com fechaduras especiais.”

Ele disse isso como se fosse algo inevitável.

De repente lembrei do sonho que tive.

“Talvez… Não na sala com fechaduras especiais.”

“Eh?” Yasuhara perguntou suspeito.

Ah… nada bom…

Eu movi as mãos freneticamente.

“Isso… Não há um significado profundo nisso... Eu só senti repentinamente que dessa vez isto poderia ocorrer em outro lugar... Deixa pra lá. Como a Sala de Vídeo…”

Não havia um significado profundo, porque isto for a apenas um sonho. Primeiro, porque eu não sei se Masako e Ayako realmente visitaram a sala com fechaduras especiais. Além disso, o monge e John basicamente exorcizaram todos os lugares onde ocorreram os incidentes que saíram nas reportagens.

“Você é uma pessoa que tem sexto sentido?”

“É por isso que eu disse, ah…”

Isto é realmente problemático…

“Eu já disse que não é nada importante. É que nos casos anteriores meu palpite estava certo. Não é como se eu pudesse detectar espíritos ou algo parecido…”

Não é… Eu acho que não... Talvez…

domingo, 7 de abril de 2013

Volume 4 - Capítulo 2 - Parte 4

Capítulo 2

4


Na escola as lições continuavam como se nada tivesse acontecido, todos pareciam abalados.

Eu fui a única que ficou na Sala de Reuniões. Ser deixada de lado era um pouco solitário, e, talvez, um pouco assustador; de algum jeito, eu não conseguia me acalmar. Respirando devagar, eu organizei os relatórios do dia anterior.

As histórias estranhas e onde aconteciam. O conteúdo dos relatórios de cada testemunha visual. Eu usei uma cartolina bem grande e os separei por tipo, e não pude deixar de bocejar.

Ah… Isso não vai prestar. Estou com sono. Na noite passada fiquei acordada até tarde, e também trabalhei bastante. E agora estou muito entediada… Não devo dormir. Tenho que me estimular. Se Naru me pegar dormindo, não sei o que diria.

Fui pega por um forte ataque de sono.

Sem razão alguma, minha garganta ficou extremamente seca. Eu desejava uma bebida gelada.

Eu lembrei que tinha uma máquina de refrigerante no final do prédio…

Eu me levantei e fui até o corredor.

Eu olhei vagamente os arredores.

O corredor era amplo e vazio. Não sei se era porque eu estava viajando ou porque o céu estava escurecendo, mas a visão à minha frente era uma cena estranha e parada. A luz do sol era bem fraca ao entra pelas janelas do corredor. O final do corredor estava envolto numa escuridão misteriosa. Estava coberto por uma cor preta muito forte; parecia que o anoitecer havia caído só ali. No meio da escuridão havia lago branco se movendo.

“…?”

O branco era o rosto. Só o rosto era visível já que ele usava roupas pretas.

O que… Na verdade, era Naru. Não me assuste desse jeito.

Naru andou devagar até mim. E como se estivesse sincronizado com seus passos o corredor ficava mais escuro. Na escuridão total, só a silhueta de Naru era claramente visível.

“O que foi”

Alguma coisa tinha acontecido?

Naru sorriu. Um pequeno sorriso. Então o sorriso ficou tenso imediatamente.

“Este lugar é muito perigoso… Mai, é melhor você não ficar aqui.”

“Como pode ser isso?”

“É verdade. Há espíritos vagando por todo o lugar.”

“São tantos assim?”

Lembrei do sonho da noite anterior: espíritos cobrindo a escola como neve.

“Sim. Embora todos estejam conduzindo exorcismos, praticamente não há efeito.” Ele disse, franzindo um pouco o cenho. Depois, “Olhe.”

Ele esticou seus dedos pálidos e apontou para o chão. Seguindo seu dedo, olhei para o chão negro como piche.

“Ai…?”

Quando recuperei o foco, pensei que o chão tinha ficado transparente.

Ao lado meu pé, era como se linhas brancas tivessem sido desenhadas no chão preto, como o contorno do quadrado de um ladrilho de cerâmica. Abaixo disso, através do chão transparente, o chão do Segundo andar era visível. Lá também estava tudo envolto pela escuridão. O chão de lá também estava transparente, e eu podia ver o chão do corredor do primeiro andar abaixo dele.

“Ai?!”

Quase cai no chão. A sensação era como se eu estivesse suspense no ar. Se não fosse pela mão de Naru me segurando, eu teria desabado lá embaixo.

“Não é nada, se acalme um pouco.”

“No que isso se transformou agora?”

Olhei ao meu redor. O céu estava preto. A escola que era cinza, agora estava preta. Em contraste, o que era preto ficou branco – as janelas do próximo prédio da escola, as árvores que estavam nuas por causa do inverno.

O chão e as paredes de todo o lugar ficaram transparentes. Como se fossem os negativos de uma foto empilhados juntos. As únicas pessoas que permaneciam nesse mundo de negativo eram Naru e eu.

“Ei, isto é…”

Naru me interrompeu.

“Olhe de perto. Há vários espíritos pairando.”

Olhei ao lado do meu pé. Um espaço escuro e vazio. As linhas do chão, as linhas das paredes, e os contornos dos prédios – só esses eram brancos. Como se tivessem sido desenhados com tinta branca num papel preto – o composto de um colégio transparente. Abaixo do meu pé era tudo transparente – o segundo andar, o primeiro andar, os corredores, as salas.

Por cima, objetos translúcidos flutuavam e liberavam uma luz pálida. Eles pareciam ilustrações de espíritos num livro, com suas caudas brancas, e se moviam como se estivessem fluindo, dez, vinte... Eram incontáveis. No Segundo andar, bem de frente para mim, havia oito deles.

“Tantos… Todos são espíritos?”

“É verdade. Olhe…”

Naru ergueu sua mão e apontou para fora da janela. Do lado oposto ao contorno branco que sobrou da parede, estava o prédio onde ficava o Ginásio. O Ginásio também tinha ficado transparente, deixando só um contorno branco.

Em frente ao Ginásio tinha uma sala pequena. Essa era a sala com fechaduras especiais. Havia duas figuras lá dentro. Eram Masako e Ayako.

Masako se aproximou de um espírito enorme perto de um armário com prateleiras e parou. Aquele espírito parece maior e mais escuro que os outros espíritos.

Masako apontou aquele espírito, e Ayako começou a brandir seu rosário de jade. O espírito escuro e pálido flutuou levemente para escapar, e saiu pela janela. Nem Masako ou Ayako notou nada disso.

“Como pode ser isso?”

“Ele escapou. Escapou para outro lugar… Olhe.”

O espírito fugitivo continuou voando, e foi para o Bloco Leste, onde nós estávamos. Ele flutuou para uma sala pequena no fim do Segundo andar, e passou perto de um espírito branco que vagava numa curva. Aquela era a Sala de Vídeo…

O espírito enorme e o pequeno, foram cercados por espíritos broncos que circulavam os dois. Suas caudas se entrelaçavam. Logo, o espírito pequeno foi tragado pelo maior. Parecia que o espírito maior crescera um pouco, e que tinha fica um pouco mais escuro.

“Que repugnante…”

“Sim. Realmente, é uma visão desagradável: espíritos devorando outros espíritos. É por isso que eu disse... Que esse lugar é muito perigoso.”

“Mas…”

“Eles crescem simples assim… Depois…”

Os dedos de Naru desceram até um ponto abaixo dos pés dele. Através do chão transparente, olhei para uma sala no primeiro andar. Havia espíritos naquela sala também. Embora eu os chamasse de espíritos, talvez fosse melhor chamá-los de luzes flutuantes. Um pouco afastado do meu pé, havia algo que parecia um pedaço pântano escuro, com uma cor agourenta. E era imenso. Era como se tivessem cavado um poço enorme no meio da sala.

“Aquilo é o mal… você entende?”

“Sim.”

Só a cor já fazia sua pele se arrepiar. Aquilo tinha um desejo extremamente maligno.

Eu observei o espaço preto, imóvel. Os espíritos brancos flutuando ao redor da escola – alguns deles foram para o lado das luzes flutuantes pretas. As luzes flutuantes pulsavam em ritmo como um coração. As chamas flamejantes se estendiam, surpreendendo os espíritos menores, absorvendo eles. Era exatamente como uma planta carnívora prendendo insetos mais fracos e os devorando.

“É melhor você volta.” Naru disse para mim.

“Mas, não posso fazer isso, voltar por mim mesma.”

Naru me olhou preocupado.

“Então precisa que alguém te ensine a reverter o feitiço.”

“Alguém como eu, é capaz disso?”

“Se fosse uma pessoa mais fraca… Você precisa ter mais cuidado, e não ir a lugares perigosos.”

“Ok.”

Olhei para meus pés. A estranha cena que nunca terminava. Luzes flutuantes pretas eram perigosas. Confirmei sua localização. Havia duas no primeiro andar deste prédio. No Bloco Leste havia cinco. O Bloco Sul tinha quatro. Enquanto olhava para essas, a área ao lado dos meus pés ficou mais escura. O cenário que eu via antes lá embaixo ficou mais fraco, a cor voltava ao chão abaixo de mim. Aos poucos, o chão voltou a entrar em foco.

“…?”

O chão. Azulejos de plástico marrons. Havia piso por toda a parte.

“Mai!”

Ah!

Ergui minha cabeça e vi Naru. Ele parecia zangado.

“Se está cansada, vá dormir. Sua falha é um empecilho.”

“Como você fica agressivo de repente.”

“…? Você está acordada?”

Ele me olhou com suspeita. Se eu estou acordada? Definitivamente, estou…

Ha-

Olhei ao meu redor.

A Sala de Reuniões. A mesa larga. A confusão de papéis empilhada à minha frente. As plantas dos andares da escola presos ao quadro branco. E na passagem da porta estava Naru, me encarando.

… … … …

“Desculpe. Eu estava viajando aqui.”

Droga… Estou com problemas.

“Como está indo a organização?”

“Não terminei ainda.”

“Os outros se comunicaram?”

“Acho que não.”

“Você acha?”

Naru me olhou friamente.

“Você está tentando nos ajudar? Ou está tentando ficar no nosso caminho?”

Esse… Esse cara –

Mas para mim, o investigador preguiçoso que era pego dormindo, não tinha desculpas.

terça-feira, 26 de março de 2013

Volume 4 - Capítulo 2 - Parte 2 e 3

Desta vez nem demorei muito a postar!

Capítulo 2

2

Passamos a primeira noite arrumando o equipamento.

Câmeras de visão noturna, equipamento para registrar a temperatura, microfones, etc; nós os arrumamos nos locais dos rumores estranhos e lugares onde espíritos eram vistos com mais freqüência. De qualquer forma, como não tínhamos cabo suficiente (Me refiro às extensões necessárias ao equipamento) para cobrir todo o complexo da escola, deixamos as máquinas nos diversos locais para tirar fotos e gravar sons, por isso não tivemos escolha a não ser checar um por um para examinar na sala de reuniões. Como sempre, a preparação do trabalho foi bem problemática; o posto de manutenção que arrumamos também deu trabalho; rapidamente me cansei dele.

Quando terminamos o trabalho e entramos, já era por volta de três da manhã.

Ayako, que não nos ajudou, tinha entrado bem antes e já estava aconchegada em lençóis na sala de trabalho. Mesmo quando eu entrei na sala, ela não levantou. Apesar disso, eu troquei de roupa rapidamente e mergulhei abaixo dos lençóis frios.

Depois disso, eu tive um sonho inconcebível.


Eu estava andando na escola à noite.

Salas escuras; corredores escuros. Não havia uma alma à vista; era um complexo escolar em completo silêncio. Eu não sabia onde estava. Estava um breu.

Eu senti que tinha alguma coisa e estudei o ambiente ao meu redor. Notei uma porta à minha frente.

Instintivamente, eu abri a porta. Uma brisa fresca me golpeou. Era o telhado.

Examinando o telhado, vi uma figura num dos lados.

“Quem está aí?”

Eu juntei as palavras questionadoras; ele virou a cabeça.

Era um rapaz com mais ou menos a minha idade. Ele não era alto, e parecia vulnerável. Ele me encarou com olhos sem vida; sua linha de visão voltou a posição que estava para olhar além do telhado.

Ele segurou o corrimão, e olhou, imóvel, para o chão.

“O que você está fazendo?”

Eu andei para o lado dele e perguntei. Ele sussurrou em resposta.

“Estou olhando…”

Para o meu “olhando o quê?” ele não deu resposta. Eu segui sua linha de visão e olhei. Ele continuou a olhar, imóvel, para o complexo da escola. Por algum tempo, nós dois, juntos, olhamos o complexo da escola.

Escuro, janelas pretas. Podíamos ver algo branco flutuando na parte de dentro.

“O quê?” Eu pensei, enquanto meus olhos encarando aquela coisa. Luzes brancas. Elas passavam pela janela com facilidade e flutuavam por ali. Elas eram redondas, arrastando uma calda muito longa. Elas pareciam não ter peso;  as luzes brancas pareciam fluir.

Assim que pensei nisso, luzes brancas também apareceram no andar de baixo. Olhando além, elas também estavam no andar seguinte. Elas estavam na janela seguinte e na janela depois dessa também. Virando para olhar para trás, elas também estavam no campo.

Num instante a escola estava cheia de espíritos. Deixando uma calda de luz branca, eles voavam por todo o lugar. Eles também estavam ao meu redor. Ele parecia estar mais sério.

“Você está… olhando para isso?” Eu perguntei ao garoto silencioso que observava

Ele assentiu. Um leve sorriso apareceu no canto de seus lábios.

“Você não está com medo?”

“Eu estou muito feliz.”

“Feliz? Por causa desse tipo de coisa?”

Mas aqueles eram espíritos! Como podia estar feliz com este tipo de cenário?

Ele me encarou de volta com um sorriso satisfeito.

“Extremamente feliz.”

Mas, aqueles eram…

De repente sua expressão foi escondida por uma sombra escura. Ele olhava para mim constantemente, lábios separados. Esses olhos constantes reluziam de uma forma radiante e sombria.

Ele estava sorrindo. Os cantos de seus lábios se ergueram. Era um sorriso sinistro.

“Eu estou extremamente feliz. Não há sentimento melhor que esse.”

Quem é você?

Quem, exatamente, é você?


De repente eu estava acordada.

Eu sentei, ao meu redor tudo ainda estava escuro. Eu podia ouvir Ayako respirando suavemente.

Eu olhei para o relógio perto do meu travesseiro. Eu não tinha dormido nem dez minutos.

O quê? O que diabos foi aquele sonho?

Eu tentei lembrar do rosto do garoto. Era um rosto que eu nunca tinha visto antes. De qualquer forma, não era uma pessoa que eu conhecesse.

“Que estranho…”

Eu afofei meu travesseiro, e deitei mais uma vez. Dessa vez, meu sono não foi perturbado.

3


Ainda exaustas da noite anterior, fomos acordadas por alguém de forma rude, cedo de manhã.

Grunhindo, eu abri a porta. Do lado de fora da porta, estavam algumas garotas; elas tinham ouvido sobre a chegada dos psíquicos, e correram para perguntar as novidades antes das aulas começarem.

Não é como se eu não entendesse o que sentiam…

Então expliquei a situação para elas. Ontem foi só a preparação para a investigação; a investigação oficial ia começar hoje, qualquer exorcismo só ocorreria depois disso.

Depois de me livrar do grupo de garotas insatisfeitas, eu mergulhei debaixo dos lençóis mais uma vez.

Eu estava quase dormindo, quando alguém bateu na porta.

Eram os cinco grupos de estudantes que vimos no dia anterior. Graças a eles, Ayako e eu estávamos bem e verdadeiramente despertas.

A série de eventos inoportunos não parou por aí.

Quando fui até o equipamento que montamos ontem, para retirar a informação coletada, havia uma grande multidão de pessoas reunidas ao redor. Eles me agarraram e eu fui interrogada. Como isso atrapalharia nossa investigação, eles deveriam manter as mãos longe do equipamento – ele precisa ser manuseado com cuidado. Não há trabalho mais difícil que esse.

Além disso, no meio da multidão uniformizada, nós, forasteiros, éramos muito mais visíveis. Quando andássemos por ali checando o equipamento, seriamos parados por estudantes curiosos.

Todos eles queriam saber até o menor desenvolvimento. Como Yasuhara tinha dito, todos na escola se estavam agitados. Notoriamente, havia lugares vazios nas classes. Os lugares pertenciam aos estudantes que estavam doentes por causa da estação, e a estudantes que estavam receosos de frequentar a escola. A escola estava completamente sem vida. Os estudantes se juntavam em pequenos grupos, e falavam baixo, como se estivessem num funeral.

E, teríamos sorte de ser interpelados pelos estudantes. A verdadeira desgraça era ser flagrado por Matsuyama. Se éramos vistos por Matsuyama, ele fazia comentários sarcásticos. Ele diria um monte de palavras que fariam minhas veias entrarem em erupção, e ia embora com uma expressão de satisfação. Hn. Bastardo.

Depois naquela tarde, Masako, que veio com John no terceiro grupo, foi a mais insatisfatória última gota.

Quando John e Masako chegaram, era por volta de três da tarde.

John Brown, 19 anos, é um exorcista que nasceu na Austrália. Infelizmente ele aprendeu seu japonês em Kansai, e inadvertidamente se torna alvo de zombaria. Pessoalmente, ele é muito bom, o fato de ser um psíquico é uma vergonha pequena (?).

Hara Masako, 16 anos, é uma médium espírita. Ela tem trabalhado ativamente como uma médium desde a sua infância, e é uma personalidade famosa, que aparece na televisão. Embora eu quisesse comentar outros aspectos dela, vou deixar pra lá agora. Ela é, de acordo com Naru, muito poderosa aparentemente.

Depois que os pares terem chegado à base e sido apresentados a Yasuhara, que chegou para ajudar depois das aulas, Naru explicou a situação. Eu estava no canto organizando os relatórios coletados no dia anterior e checando os dados coletados por Lin-san na noite anterior.

Primeiro Naru perguntou à Masako, “Hara-san, qual é o estado da escola?”

Masako parecia melancólica. Parecia não ter palavras, ela estava hesitante por um momento. Com o encorajamento de Naru, ela finalmente falou.

“Eu não estou… Totalmente certa.” Ela soltou a bomba.

Num piscar de olhos nós começamos a reclamar.

“Não pode ser, Masako, isso de novo?”

Masako ignorou as palavras do monge.

“Não é como se eu não pudesse ver nada. Posso sentir a presença deles.”

Parecendo preocupado, o monge protegeu sua cabeça com as mãos. Ayako e John sacudiram a cabeça, eles estavam sem idéias. Então a expressão de Naru se tornou séria.

Em outras palavras, dessa vez não podemos contar com Masako.

Me deixou um pouco sobressaltada.

Aparentemente, é preciso ter algum talento para ver espíritos. Com espíritos fortes com objetivos claros, há registros que até pessoas sem talento podem vê-los. Mas, para espíritos normais, que existem em silêncio, seria necessário um talento especial para vê-los.

De todos os membros reunidos aqui, só Masako tem esse tipo de habilidade. Isso quer dizer que se não podemos contar com Masako, estamos tão bem como cegos. Isso era realmente preocupante.

“… e essas presenças que você pode sentir?”

Quando um aparente Naru muito frustrado disse isso, Masako mostrou uma expressão contrariada.

“Normalmente os espíritos podem ser vistos claramente, mas aqui… É como olhar uma televisão com o canal mal sintonizado. Tem muita estática misturada… Entendem o que quero dizer?”

En, Não totalmente.

“Posso sentir a presença dos espíritos, e são muitos. Também sei onde estão, mas… o tipo de espíritos eles são exatamente, não tenho certeza. Embora seja certo que alguns espíritos estão presentes.”

Masako disse isso e baixou a cabeça.

“Por mim, eu nunca fui boa em comunicação com espíritos assustadores. Se é um espírito que tem uma conexão especial com uma pessoa ou um local, geralmente não tenho problemas...”

O monge suspirou.

“De qualquer forma… como esses espíritos foram invocados por meio de um jogo, espera-se que não haja uma grande conexão com a escola ou os estudantes... E isso aconteceu de novo, Masako.”

Ele encarou Masako maliciosamente.

Masako encarou o monge.

“Esta é uma situação especial. Não como se eu não pudesse vê-los ou senti-los de jeito nenhum!”

“Sim, sim,” o monge disse, contraindo o pescoço.

Masako franziu a sobrancelha levemente.

“Mas há um espírito particularmente mais forte que posso sentir aqui…”

“Que tipo de espírito é esse?” Naru perguntou. Masako estreitou os olhos, olhando para longe.

“É um espírito masculino, deve ter minha idade...” Um homem… com idade quase igual a da Masako… Quase a minha idade…?

“Posso ver esse espírito masculino de forma clara. Posso sentir uma emoção muito forte. Esse espírito... Talvez algo tenha acontecido nessa escola que o deixou triste. Ele está preso na escola.”

Isso… Não é isso…

Com os olhos fechados, Masako inclinou a cabeça.

“Com certeza não está perto, mas sua presença é forte… Acredito que seja o espírito de alguém que cometeu suicídio. E não aconteceu há muito tempo.”

É o Sakauchi-kun… Em outras palavras, ele está atualmente assombrando a escola…

Minha cabeça ficou calma de forma agradável.

O sonho da noite passada. O garoto no telhado. Aquela pessoa… Quem era ele?

Naru abriu seu caderno de anotações e puxou um recorte de jornal.

“Aquele espírito, é esta pessoa?”

Masako pegou o recorte de jornal e olhou. Coincidentemente Masako estava em pé perto de mim, e eu pude ver o conteúdo do papel ao esticar o pescoço. Era um artigo sobre um estudante do primeiro ano que cometeu suicídio numa certa escola. Havia uma fotografia do estudante no recorte.

De repente, me senti fraca. Aquele era… A fotografia era…

Masako assentiu.

“É essa pessoa. Então seu nome era Sakauchi…”

Naru pegou o recorte de jornal de Masako, o devolve a seu lugar de origem e disse, “Essa… Raiva da escola… É real.”

Naru parecia murmurar para si mesmo. Depois se virou para Lin-san imediatamente, “Lin, qual foi a situação ontem à noite?”

O mencionado Lin-san tirou seus fones de ouvido.

“Há alguns lugares em que a temperatura estava anormal. 3-1, 2-4 e a sala LL tiverem temperaturas especialmente baixas.”

3-1 era a sala de Yasuhara, onde o envenenamento em massa acontecera.

2-4 era a sala em que o cachorro preto aparecera.

“Não há nada anormal com os visuais; os microfones registraram sons em três locais. Diferentemente, eles são a Sala de Preparações Artística, a sala 2-4 e o Depósito do Ginásio.”

Naru deu um golpe na mesa.

“Então é assim, tivemos uma resposta logo no primeiro dia.”

Quando foi aquele incidente… Naru tinha dito “Espíritos são muito tímidos.” Espíritos não gostam de intrusos. Se há intrusos, eles vão se esconder temporariamente.

Entretanto tivemos uma resposta no primeiro dia. Se este era o caso, então…

Naru passou os olhos por todos nós.

“Façam exorcismos nos cinco lugares mencionados para começar. Hara-san, por favor, ande pela escola e cheque os locais onde há espíritos. Matsuzaki-san, por favor acompanhe Hara-san, e conduza exorcismos com o melhor de sua habilidade.”

“Ok.”

Ayako e Masako se levantaram. Naru chamou Ayako, dizendo, “Será melhor se você não se sentir superior aos espíritos deste lugar; por favor, seja mais cuidadosa.

“Mai vai continuar observando daqui, e administrar as comunicações. O monge e John,” Naru olhou para os dois quando disse isso.

“Primeiro vão aos cinco lugares em que houve atividade na noite passada e conduzam exorcismos lá. Depois vão aos locais que Hara-san indicar.”

“Claro.”

“Sim.”

Os dois responderam e saíram de seus lugares.

“Lin e eu vamos continuar investigando lugares suspeitos. Yasuhara-kun, por favor, nos ajude. Mai,”

“Sim!”

Em resposta a minha atitude entusiasmada, Naru me olhou friamente.

“Não fique com preguiça e caia no sono.”

Sim~

quinta-feira, 21 de março de 2013

Volume 4 - Capítulo 2 - Parte 1

Depois de meio século, voltei! Desculpem a demora, mas o negócio tá feio aqui, rs... Os estudos e o trabalho não estão colaborando, mas aos poucos eu consigo.


Capítulo 2 – Dança nas Sombras


1


Quando o segundo grupo, que consistia em Ayako e Lin-san, chegou, já era noite.

Quando chegou à Sala de Reuniões, Ayako exclamou, “Não temos onde nos hospedar?!”

Essa era exatamente a situação. Como esse lugar era muito longe de Tóquio, pedimos à escola para nos fornecer acomodações. Apesar disso, a escola só preparou uma sala de trabalho…

Matsuzaki Ayako, 23 anos, é uma sacerdotisa auto proclamada. Por nenhuma razão aparente, ela é sempre cheia de confiança, mas até hoje, ninguém viu seus poderes. Há alguns que dizem que ela é, simplesmente, inútil.

Ayako me questionou, “O que significa essa situação?”

“Não há nada que possamos fazer. Vamos ficar bem, com apenas duas pessoas por sala. Duas pessoas ocupam o espaço de seis tatames.”

Naru e os rapazes eram dignos de pena, com três pessoas se espremendo num espaço para seis tatames; quando John chegar no dia seguinte serão quarto pessoas dormindo juntas.

“Como eles, se atrevem a não ter nem comida?” Ayako grunhiu.

“Também não podemos fazer nada quanto a isso. Ou devemos apenas esquecer tudo e ir para casa?”

Quando me ouviu dizer isso, Ayako se recusou a me encarar.

Naru, usando uma expressão que dizia “isso não tem nada a ver comigo”, estava discutindo alguma coisa com Lin-san.

Lin-san: verdadeiro nome incerto, idade desconhecida. Eu já o conheço há quase dez meses, mas continuo sem saber seu nome e idade; tudo isso resume a imagem de Lin-san. Pensando nisso com cuidado, Lin-san é uma pessoa mais misteriosa que Naru.

“De qualquer forma o número de aparições é muito grande e nosso equipamentos e recursos estão um pouco reduzidos.” Naru disse muito insatisfeito.

“Amanhã teremos Hara-san para fazer uma inspeção por espíritos, e confirmar a presença deles. Se houver algum espírito, temos o Monge, Matsuzaki-san, e John para conduzirem exorcismos. Lin-san e eu vamos investigar mais locais suspeitos. Quanto à Mai…”

Dizendo isso, ele virou o rosto para mim.

“Basicamente, fique na base e colete, e organize os relatórios.”

“Si~im”

“Mas, se houver alguma descoberta, deve se comunicar imediatamente.”

???

Quando o monge viu que eu estava frustrada como se não tivesse entendido o que Naru queria dizer, ele continuou.

“Você não é a mulher com um sexto sentido?”

“Ah, eu sou?”

Agora que ele mencionou isso, teve aquele incidente, quando um palpite de sorte estava certo. E, de forma inesperada, eles até disseram que isso era uma PES (Percepção Extrassensorial) latente. Xi~ xi~ xi~ (risada)

“Naru-chan~ isso não vai prestar ~~”

Tanto faz. Vocês esqueceram? Olhe, eu sou muito gentil.

“Esqueça isso. Não é nenhuma novidade que Mai é inútil em campo. A última vez foi só um caso especial.”

O tom de Ayako foi sarcástico.

“Então, a verdade é que você está com inveja; só porque você nunca foi útil.”

O rosto de Ayako estava vermelho de raiva.

Vendo os companheiros fuzilando uns aos outros com os olhos, Yasuhara começou a sorrir.

“Eu sempre pensei que psíquicos, etc, eram pessoas muito mais profundas e sombrias”.

“Nosso grupo é especial. Oh sim, Yasuhara-kun, você não tem que ir pra casa?”

“En, não me julgue pela aparência, acho que sou capaz de me virar com o básico. Nesse exato momento, estou pensando em ficar e ajudar.” Yasuhara disse, sorrindo.

A expressão do monge se tornou patética. Talvez ele estivesse imaginando uma cena de cinco homens se espremendo numa sala minúscula.

“Por favor, não se preocupe. Eu peguei um saco de dormir emprestado.”

En~ Que surpresa, Yasuhara é do tipo durão.

“Yasuhara-kun.” O tom de Naru era severo. “Eu realmente aprecio sua oferta de ficar e ajudar, mas é melhor você não ficar. Isso é muito perigoso.”

“Definitivamente, se você acha que eu vou atrapalhar, por favor me diga, e eu vou para casa.” Yasuhara disse, dando um largo sorriso.

Não posso deixar de dizer que ele é uma pessoa muito enérgica. En, me transformei numa fã de Yasuhara.

O começo de um sorriso surgiu no rosto de Naru.

“Se é assim, então nos ajude. Você tem confiança na sua força?”

“Por favor, deixe isso comigo.”

Naru assentiu, e depois disse, “então, Lin e Mai, vão e movam o equipamento.”

Sim~.

 

Um de cada vez, entramos na van parada no estacionamento da escola, para pegar o equipamento.

“Sala LL, 2-4, 3-1, o Vestiário, a Sala de Preparação Musical – arrumar câmeras nesses cinco lugares. Colocar microfones nos outros lugares onde outras histórias estranhas foram repostadas.”

Seguimos as instruções de Naru, movemos o equipamento para os locais designados e montamos tudo. Indo e vindo entre o estacionamento e o complexo da escola, Yasuhara estava deslumbrado.

“Realmente é incrível. Os psíquicos dos dias de hoje fazerem uso desse tipo de equipamento!”

Yasuhara e eu fomos ao Laboratório de Química, onde passos foram ouvidos, e instalamos um microfone.

“Só o nosso grupo é especial.”

Eu sorri de forma amarga. Não havia nada a ser feito, além de forçar um sorriso.

“Para dizer a verdade, eu pensei que os supostos psíquicos pareceriam e seriam mais perigosos, eles ergueriam as mãos e entoariam encantamentos.”

“Também há pessoas que fazem isso. Mas pelo menos, Naru não é um psíquico.”

“Verdade?”

Yasuhara parecia muito chocado.

“Isso é o que ele diz. Ele diz que é só um caçador de fantasmas.”

“Ah, se esse é o caso, eu entendo.”

Minha mão, que instalava o gravador, parou.

“Isso é raro… Normalmente as pessoas não entendem esse tipo de coisa.”

A expressão de Yasuhara era confusa.

“É porque isso já foi o tópico de uma discussão…”

O tópico de uma discussão?

“Sakauchi, não muito depois de se matricular, ele escreveu isso no levantamento de suas aspirações. Ele disse que seu desejo era se tornar um caçador de fantasmas no futuro. Mas pode ser que tenha escrito isso de brincadeira.”

“Sakauchi… é o estudante que morreu no verão…?”

“Sim. De acordo com o que eu sei, ele foi o primeiro estudante a morrer nessa escola desde a fundação do colégio. Houve um período em que todos discutiam esse incidente.”

Yasuhara parecia magoado.

“Não posso evitar pensar… que devíamos continuar quietos. Estudamos na mesma escola, passamos metade do dia no mesmo espaço, e talvez tenhamos varrido o mesmo corredor e passamos um ao lado do outro inconscientemente. Se tivéssemos tido sorte, poderíamos ter nos tornado amigos. É o que eu acho.”

“Sim.”

Mesmo se ele estivesse brincando, ele ainda era o garoto que queria se tornar um caçador de fantasmas. Se ele tivesse nos conhecido, o que teria dito?

“Realmente? Ele era um garoto que se interessava por esse tipo de coisa.” Notado que eu estava um pouco abatida, Yasuhara disse isso de forma encorajadora.

“Ok. Onde devemos ir a seguir, Capitã?” Yasuhara levantou.

“É, ‘o Depósito do Ginásio, onde se Ouve o Miado de um Gato’. Yasuhara-kun, não me chame de ‘Capitã’ ou algo assim.”

“Sendo assim, se você quer que eu seja o menos formal possível, então tenho que chamá-la assim. A verdadeira Taniyama-san deveria ser uma pessoa mais animada.”

Oh oh, já vi tudo.

“Se Yasuhara-kun não fizer isso, então não posso continuar. Porque eu sou a mais nova.”

“Por mim, eu realmente odeio esse tipo de coisa. Não gosto de uma sociedade que diferencia as classes sociais.”

“Ah, eu também.”

“Nós realmente temos muito em comum, Capitã.”

“Sim, irmãozinho. Antes que sejamos repreendidos por nosso chefão super narcisista, é melhor irmos ao próximo lugar.”

“Vamos fazer isso.”

Na escola cheia de rumores desenfreados, Yasuhara e eu caminhamos rapidamente, sorrindo.
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