terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Volume 4 - Capítulo 1 - Parte 6 e 7

Como o prometido, termino aqui o primeiro capítulo do quarto volume, antes do fim do mês. Enjoy it!


6


Com o grupo de Yasuhara liderando o caminho, fomos até a sala - 3-1.

A sala se localizava no primeiro andar do Bloco Oeste. O complexo do Colégio Ryokuryou tinha o formato de um “”, para o norte ficava o ginásio; A sala dos funcionários e a cantina dos estudantes eram adjacentes e ficavam no Bloco Norte; Virando uma curva entrávamos no Bloco Leste, que consistia nas salas especiais; virando outra curva estaríamos no Bloco Sul, onde ficavam as salas comuns. Uma curva depois do Bloco Sul, levava ao Bloco Oeste. Era um prédio de três andares que era composto apenas de salas.

Logo que a porta foi aberta, um cheiro fraco atingiu meus sentidos com força. Era um fedor detestável, como o cheiro de algo podre.

Yasuhara entrou na sala, e se virou para nos encarar.

"Eu praticamente não consigo mais sentir o cheiro, e quanto a vocês, pessoal?"

Naru acenou.

"Não é um cheiro muito forte, mas definitivamente existe um odor."

Bou-san abriu as janelas da sala.

"Mesmo depois de abrir a janela, o fedor não se dissipa."

Estreitando os olhos, Naru examinou a sala. Tocando em cada mesa, ele se moveu pela sala.

"Não há um lugar em que o cheiro seja mais forte."

Yasuhara concordou.

"É exatamente assim. Mesmo que tenhamos procurado com cuidado para encontrar a fonte do cheiro, a sala inteira fede."

Naru assentiu, e depois ele, de repente, ficou parado. Ele virou para olhar na direção do grupo de Yasuhara que estava perto da porta.

"Alguma coisa estranha já aconteceu aqui?"

"Coisas estranhas?"

Yasuhara inclinou a cabeça. A expressão de Naru era severa.

"Como invocações, esse tipo de coisa."

Naru estudou o rosto de todos, o grupo começou a murmurar.

"Ele não está falando de Worikiri-sama?"

"Isso é..."

Se sobrepondo às várias vozes em discussão, Naru disse, "O que é isso?"

Yasuhara representou o grupo para responder.

"Recentemente… Melhor dizendo, desde o começo do Segundo semestre, Worikiri-sama tem sido popular. É isso?"

Essa última frase foi direcionada às garotas que estavam atrás dele.

As garotas concordaram, nervosas.

"Não só na nossa turma, é popular por toda escola - Worikiri-sama, Gongen-sama e outras coisas."

Worikiri-sama...?

"O que é isso?"

Embora eu tenha feito a pergunta a  Bou-san, ele virou para encarar as garotas.

"Eu tenho um comigo, não foi usado." Uma garota tomou a frente. Ela pegou um pedaço de papel da mesa dela.

"Isso."

Ah!

No papel estavam os Cinquenta Sons. Isso é... Kokkuri-san...

Bou-san parecia pensar isso também.

"Isso é Kokkuri-san?"

As garotas começaram a gritar. A garota que nos deu o papel, nos encarava, muito insatisfeita.

"Até parece. Seu suposto Kokkuri-san é para convocar uma raposa, certo? No centro tem uma ilustração de um Torii (pássaro)... E ouvi dizer que Kokkuri-san é muito perigoso, e não deveria ser utilizado de forma casual. Por isso, olhe."

Ela apontou para o símbolo estranho no meio da página. Haviam palavras organizadas para formar um círculo, com as palavras "Sim" e "Não" dos dois lados. A palavra repetida "(Oni; Demônio)" arrumada num círculo e o molde quadrangular dentro dele, davam uma impressão estranha.

"Worikiri-sama é invocar um deus. E é muito preciso ao prever combinações amorosas, etc. Gongen-sama é..."

Enquanto ela falava, Bou-san tomou o papel sem avisar.

"Olhe isso!"

"Como Gongen-sama aparece?"

Bou-san amassou o pedaço de papel e formou uma bola.

"Gongen-sama é um deus invocado. Porque é um deus, ele pode nos ajudar a resolver problemas, etc..."

Bou-san arremessou a bola de papel. Ela bateu na parede antes de cair na lixeira.

"O quê? Há um problema?!"

A garota olhou para Bou-san, com dificuldade.

"Gongen-sama. Tarou-san. Hitofude-sama. Cupid-san. Todos eles são aliados de Kokkuri-san."

"Eh!"

As exclamações não vieram da garota que nos deu o papel.

"O que vocês estava fazendo era real e verdadeiro Kokkuri-san. É a mesma coisa, não importa como você chame isso. Você, casualmente, invocou espíritos, e os tratou como brinquedos."

"Como isso poderia..."

Bou-san parecia furioso.

"Até os não iniciados são capazes de invocar. Qualquer um pode convocar um espírito, mas para mandar um espírito de volta, é necessário prática. Não faça mais isso."

"Mas... todos dizem que se for Worikiri-sama, então não é nada assustador e não importa..."

"Isso é besteira. É por causa de todos vocês que fazem esse tipo de estupidez que esses distúrbios estranhos aconteceram!"

Vendo o rosto de Bou-san, a garota imediatamente ficou deprimida.

"Realmente, em todo lugar é assim. Na turma onde o cachorro preto apareceu, também tinham pessoas brincando com esse tipo de jogos doentios. É provável que eles tenham invocado um espírito de nível mais baixo. A causa do envenenamento deve ter sido algo similar."

"Mas! Worikiri-sama é muito popular pela escola!"

"Bom... Esse cara é muito sortudo, o prédio da escola ainda vai entrar em colapso."

As garotas baixaram suas cabeças.

Naru interrompeu.

"Você diz que ele é muito popular. Quão alta é essa popularidade?"

As garotas encararam umas às outras.

"A verdade é que na escola, todos estiveram fizeram isso."

"Entre os que estão presentes aqui, tem alguém que não fez isso?"

Incluindo Yasuhara, nenhuma pessoa levantou a mão.

7


Nesse momento nos espalhamos e visitamos várias salas, apanhando qualquer aluno remanescente, e perguntando se e quantas vezes eles tinham feito Kokkuri-san.

O objetivo principal da investigação era determinar a popularidade; a proporção de alunos que tinham feito isso; estimar a frequência com que praticavam. A investigação estava mais ou menos complete antes do pôr do sol, então retornamos para a sala de reuniões para tomar um chá.

Como a sala de reuniões não tinha acessórios, Yasuhara trouxe os utensílios para fazer café da sala do conselho estudantil. Depois de usar uma antiga lâmina de aquecimento (heating plate) para ferver a água, eu adicionei o café instantâneo. Lavei cuidadosamente a xícara de chá esmaltada, que tinha o estilo das xícaras antigas do oeste, e apreciei a sensação de nostalgia. Ela deve ter sido usada por muitas gerações de conselhos estudantis.

"Como está?"

Depois de servir o café para todos, Yasuhara sentou. Depois nos sondou.

Se apoiando nas costas da cadeira, Bou-san olhou para sua pilha de anotações, deu um grande suspiro antes de colocá-las sobre a mesa.

"Essa coisa é enorme, que Deus nos ajude."

"Isso é tão sério?"

Bou-san moveu a cabeça, frustrado.

"Todos os estudantes da escola estão fazendo Kokkuri-san."

Seu suspiro foi em direção às anotações.

Aqueles eram os resultados da investigação feita com a ajuda de Yasuhara e seu grupo. De todos os estudantes, mais de 90% fizeram Kokkuri-san pelo menos uma vez, e desde setembro, a maioria deles fez isso em todo intervalo.

Em novembro e dezembro, antes dos estranhos incidentes começarem, a quantidade era baixa. Apesar disso, quem sabe quantas vezes os espíritos foram invocados na escola com sucesso, repetidamente?

"... é culpa dos espíritos que foram invocados. Exatamente, quantos espíritos estão assombrando a escola? Talvez não apenas milhares, talvez dezenas de milhares."

Bou-san soltou outro grande suspiro e se virou para Naru.

"Quero dizer, Naru-chan, você está mesmo falando sério?"

Naru, também parecendo frustrado, olhou para for a da janela, e não respondeu.

"Quer dizer, por que nós simplesmente não desistimos e vamos embora. De qualquer forma é responsabilidade dos estudantes, então eles simplesmente deveriam exorcizar os espíritos eles mesmos e o caso estaria resolvido." – disse como uma criança tendo um ataque de raiva.

"Não posso suportar isso. Fazer Kokkuri-san e o sujeito chama espíritos indomáveis."

Yasuhara disse "relaxe, relaxe," sinceramente.

"Eu entendo o que está sentindo. Por favor."

"Certo. Eu vou te ensinar as formas de exorcizar, e você vai fazer isso."

"Isso..."

O rosto de Yasuhara estava confuso. Eu reprendi Bou-san, dizendo,

"Isso não vai servir, monge! O diretor pediu um favor a nós."

"Por mim, eu não gosto do diretor dessa escola."

"Ah, então você está sendo difícil porque Matsuyama o intimidou."

"Cale a boca..."

Eu desarrumei o cabelo de Bou-san.

"Pobre Bou-san. Sua alma pura foi machucada."

"Exato. Ser injustamente tratado como um vigarista; embora não aconteça com muita frequência. De verdade, é trabalhoso ser usuário de poderes psíquicos."

Bou-san fingiu chorar.

"Se é esse o problema, damos um jeito. Junte todos os espíritos e faça com que se concentrem em Matsuyama, seria engraçado."

"Oh, não é uma má ideia."

En, no momento em que Matsuyama é mencionado, Bou-san presta atenção.

"Eu realmente sinto muito que Matsuyama seja esse tipo de cara."

Não, isso não é algo pelo qual você tenha que se desculpar, Yasuhara.

"Da perspectiva dos estudantes, questões que envolvam esse cara são completamente ignoradas. Todos tentam não ter nada a ver com ele, porque não é como se ele ouvisse a opinião dos outros. Pelo contrário, os estudantes que são mais maduros ao tolerá-lo."

Não pude evitar achar as palavras de Yasuhara incríveis...

Bou-san ergueu a cabeça.

"Yasuhara-kun, você está bem?"

"O quê?"

"Isso é, com você ajudando a gente com nossos pedidos... Matsuyama disse alguma coisa a você?"

"Não se preocupem. Porque minhas notas são boas" – Yasuhara disse isso sorrindo, mas sério.

"No passado ele falou muito. Não estou muito certo de quando foi, mas eu escrevi que meu objetivo era entrar no Departamento de Literatura e Economia, e de repente, ele parou de me criticar. Pessoas que abusam de seu poder são fracas quando têm que enfrentar o poder."

Então foi assim.

Ao descobrir a verdade, Bou-san e eu ficamos impressionados. Eu não sei se Naru estava ouvindo, ele estava olhando para fora da janela parado.

"O que é? Continua pensando profundamente em alguma coisa?"

Naru continuou em pensamento profundo.

"...sim. Não é como se fosse algo profundo, só estou um pouco preocupado."

"Preocupado? Com o quê?"

"Como Matsuyama mencionou, o Japão atual parece ter tornado o oculto popular."

"Assim parece. E daí?"

"Entre as escolas do Japão em que Kokkuri-san é popular, quantas vocês acham que existem?"

Então é isso. "Por que essas coisas estranhas só aconteceram no Colégio Ryokuryou?" provavelmente é o que ele está tentando dizer.

"Entendo o que quer dizer, mas você não acha que a quantidade aqui é excepcional?"

Ouvindo as palavras de Bou-san, a expressão de Naru se tornou mais séria.

"Pessoas não treinadas nem sempre obtêm sucesso em invocar espíritos, mesmo que tentem. Em outras palavras, o número de sucessos é pequeno. Essa é uma escola especial para psíquicos? Mesmo assim, não acredito que a situação progrediria tão rápido."

"Talvez."

"Além do mais, tem a situação atual. Mesmo que todas as histórias estranhas sejam simples mentiras, e a criança na sala LL? O cachorro preto? Os incêndios? Temos certeza que jogar Kokkuri-san invoca espíritos, e entre esses espíritos, há alguns que são poderosos, e incidentes em que eles causam mal não são desconhecidos. Mas, se esse é o caso, a quantidade também é anormal."

"Essa..."

Eu disse. Eu queria perguntar a Bou-san algumas questões básicas. Nessas situações, Naru é, basicamente, inútil. (Nota: mesmo se eu perguntasse, ele não ia responder...)

"É verdade que Kokkuri-san convocaria espíritos?"

"Seria assim, se fosse feito por um psíquico."

"Não aconteceria com aqueles que não são psíquicos?"

"Não. Pra começar, isso é muito arbitrário."

"Pra dizer a verdade... Eu fiz Kokkuri-san uma vez."

"Heh. Até a Mai pode fazer coisas chatas."

"Isso é o que você chama de ignorância da juventude. Kokkuri-san era muito popular na escola fundamental. E depois, essa moda de espíritos chegou… ou melhor, a moeda de 10 yen se moveu, e previu um monte de coisas corretamente. Como você explica isso?"

"En... como eu posso dizer..."

Bou-san olhou para Naru; Naru deu de ombros.

"Mai, tente colocar seu dedo na mesa. Como se fosse jogar Kokkuri-san."

Eu coloquei meu dedo na ponta da mesa.

"Seu dedo está tremendo. Não se mexa."

Eu não fiz meu dedo tremer de propósito. Mas olhando para a ponta do meu dedo, minha mão estava tremendo mesmo, mesmo que só um pouco.

"Mesmo que você diga isso..."

Mesmo que eu tentasse ficar parada, não consegui.

"Entendeu?"

"Huh?"

"O corpo humano é assim."

Ah, é verdade.

"Quando têm muitas pessoas fazendo isso juntas, sob a influência do tremor de cada pessoa, a moeda se move. Kokkuri-san e a Tábua Ouija (nota: Tábua Ouija – usada em comunicação ou convocação de espíritos como uma tábua divina ou profética, similar   a Kokkuri Japonesa. Usando as letras do alfabeto latino e números, Sim/Não, etc. Na tábua, a planchette ((obs: aquela placa triangular que fica no centro da Tábua Ouija e que todos colocam a mão)) se moveria na direção dos espíritos, ou daria alguma mensagem profunda.) etc... a teoria por trás dos dois era a mesma. Todos estão se movendo inconscientemente. E porque é algo inconsciente, o movimento resultante é inesperado."

"En."

Saber disso fez com que eu achasse o jogo sem graça.

"Mas, isso realmente prediz um monte de coisas de forma correta – o que quer dizer?"

"De maneira geral, as pessoas que pensam assim, também pensam, ‘seria muito bom se a moeda se movesse’, certo?"

"Sim – é mais interessante se a moeda se mover."

"As pessoas também pensam, ‘se a resposta da pergunta for a certa, seria bem mais interessante.’ ‘Quantos anos as Mai complete esse ano?’ alguém pergunta. Todos sabem a resposta. Dezesseis anos. Subconscientemente todos estão pensando, ‘ se ela se mover para um, e depois para o seis, seria incrível’, essa esperança no subconsciente dos jogadores faz a moeda se mover. E então ela se move para dezesseis."

"Ela também previu algo que só eu sabia."

"Como o quê?"

"Ela previu o que tinha no meu bolso na hora."

"En. Isso também é de conhecimento geral. O conteúdo do bolso de uma garota: lenço, pente, espelho... as expectativas de cada participante são diferentes. Todos os participantes estão nervosas e pensando rápido. Uma palavra que começa com “c” – chaveiro? Então ela se move para ‘h’. Finalmente vai acabar formando a palavra ‘chaveiro’."

"Exato."

Inacreditável.

Eu peguei o chaveiro do meu bolso.

"Idiota. Ele estava fazendo barulho desde o início."

"Ah, estava?"

"Quando jogamos esse tipo de jogo, vão aparecer respostas que estão certas porque são de conhecimento geral, e respostas que estão erradas. O interessante aqui é a mentalidade humana. Por exemplo, se eu pergunto ‘qual o nome da mãe de Bou-san’. E a resposta que aparecer for ‘Ayako’... Bou-san, a resposta é?"

"É Masayo."

"Não acertou. Mesmo assim, porque em algum lugar da mente humana, pensamos que seria mais interessante se tivesse acertado, ele descuidadamente vai dizer. 'Mesmo que não tenha acertado, de fato, eu conheço alguém que se chama Ayako. Como ela poderia saber isso?'"

"Ah, então é assim..."

"Se a resposta fosse 'Ayayo', mesmo que esteja errado, só o ‘yo’ não está certo; ou se fosses 'Masako', só o 'Masa' já serviria. Se nos perguntássemos se ela acertou, nessas situações, na verdade, nenhuma está certa. Mas os humanos acreditariam que ela tinha ‘acertado’. Além disso, mesmo se estivesse completamente errado, ‘ah, como esperado, está errado’. Porque alguém ficaria surpreso se estivesse certo, deixaria uma impressão duradoura em todos. Numa experiência real, quando fazemos vinte e quarto perguntas, só três serão respondidas certo, e elas não estarão completamente certas."

"Ouvindo o que você diz, acho que é assim que acontece..."

Acho que me senti assim quando joguei.

Bou-san olhou de forma suspeita para Naru.

"O quê?"

"Depois de ouvir seu discurso, me baseando no que você disse, você não acredita em Kokkuri-san."

"Talvez... Pessoalmente, não acredito em Kokkuri-san."

"Eh?! Verdade?"

"Por que você diz isso..."

"Todas acreditam que espíritos sabem tudo. Como, o future de Mai, os pensamentos de Bou-san, os objetos secretamente escondidos no meu bolso, todos pensam que espíritos vão sabre essas coisas, com certeza, mas isso é verdade?"

"Ah," Bou-san e eu dissemos juntos.

"Se Mai morrer e virar um espírito, você acha que saberia essas coisas?"

"Não."

"Exato. Eu, pessoalmente, também acho que não. De forma básica, as únicas coisas que espíritos sabem mais do que os homens são coisas ligadas à ‘morte’ e ao ‘outro mudo’."

En... Então é assim... só as coisas ligadas à ‘morte’; não é algo que alguém entenderia sem experimentar por si mesmo.

"Então, ao contrário de Bou-san, eu acho que Kokkuri-san é só um jogo inofensivo."

Yasuhara, que nos ouvia quieto, interrompeu.

"Mas, e se houver um psíquico poderoso presente? Eles poderiam invocar um espírito realmente?"

Naru deu de ombros.

"É possível. Mas esse psíquico hipotético seria capaz de evitar espíritos do mal. Ele seria capaz de evitar a invocação de espíritos do mal."

Se não pudesse, não seria um psíquico.

"Isso... não está errado."

"De qualquer forma," Naru folheou a montanha de anotações inquieto.

"Invocar um espírito é como ajustar a frequência de um rádio. ‘Uma multidão reunida e espíritos invocados, resulta numa escola recheada de espíritos assustadores’; nessa parte da opinião de Bou-san, eu acho que há um certo grau de verdade. Se os exorcizarmos, mas falharmos em achar a causa, nós podemos assumir que essa é a razão. Até que todos estejam aqui, só podemos exorcizar os espíritos, conforme eles apareçam."

Naru soava como se estivesse muito frustrado.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Volume 4 - Capítulo 1 - Parte 4 e 5

Desculpem a demora, mas a vida anda um pouco corrida. Espero terminar de postar o primeiro capítulo até o fim do mês.

 

4

Em seguida veio o grupo que planejou o exorcismo. Havia oito garotos e garotas no grupo.
Naru perguntou a eles quem era o representante deles. Depois de discutir entre si pela posição, eles finalmente decidiram uma garota chamada Araki Kozue-san para falar pelo grupo.
"Então, Araki-san, por favor, nos conte como o incidente aconteceu."
"Oh, por onde eu devo começar... Minha sala fica no Bloco Leste. Esse suposto “Bloco Leste” é composto basicamente de classes especiais, como o laboratório de química, etc. A sala vizinha a minha é Sala de Preparação Musical. Ela é usada para guardar instrumentos musicais. Barulhos estranhos vieram de lá."
"E esses barulhos estranhos são..."
"Sons de coisas sendo arrastadas no chão; e o barulho era alto e claro. O professor pareceu ter ouvido também e foi até a porta ao lado checar, mas disse que não tinha ninguém lá.
"Também tinham sons sendo ouvidos na sala LL. Embora eu nunca tenha ouvido por mim mesma, muitos outros ouviram.
"Além disso, teve o dia em que minha turma tinha a tarefa de limpar a sala de geografia: quando estávamos limpando, a lâmpada de luz fluorescente caiu. Pelo menos, o tubo fluorescente. De qualquer forma, só um tubo caiu. O tubo despedaçado e os cacos de vidro voaram para todos os lados, então muitas pessoas se machucaram. Embora tenhamos contado isso ao professor, ele só pôde nos dizer para sermos cuidadosos; o problema não estava resolvido."
Ela parecia estar com raiva e assustada.
"E além disso teve os incêndios; todos dizem que eles começaram no outono passado. Pra ser mais exata, eles começaram desde que aquele estudante do primeiro ano cometeu suicídio. Eu estou convencida que tudo isso está conectado, mas a escola não toma nenhuma atitude."
"Então você resolveu cuidar do problema com suas próprias mãos?"
"Sim. Porque se deixarmos as coisas como estão, quem sabe quantas pessoas vão se machucar da próxima vez? Os professores são inúteis. Se fôssemos nós, poderíamos ser capazes de fazer alguma coisa. Diferente do que os jornais e a TV afirmam, não estamos totalmente certos de que esses acidentes são culpa do Sakauchi-kun; Mas não tomar nenhuma providência? Se não fizermos nada nunca saberemos se isso era bom ou mau, então..."
"Então é assim."
"Araki-san conhece Sakauchi-kun?"
"Não. Eu só soube de sua existência depois do incidente."
"Parece que ele deixou um bilhete suicida... você sabe dos detalhes?"
"Sim. Ele ficou conhecido instantaneamente: 'Eu não sou um cachorro'."
Não é um cachorro...
"Você sabe o que isso significa?"
"Acho que posso entender o que ele quis dizer. Porque algumas vezes me sinto como um cachorro ou uma vaca. Sou manipulada da cor do meu cabelo a cor dos meus objetos pessoais; Sou repreendida por coisas como o uso da minha língua e atitude: é como disciplinar um cachorro. Esse bilhete suicida provavelmente se refere a algo assim."
Ah ah, eu entendo aonde ela quer chegar. As regras da minha escola não são rígidas, mas não é como se eu não soubesse o quanto as regras podem ser rígidas em outras escolas. Não faz muito tempo atrás, quando eu ouvi que tinham regras como: "o tempo máximo para demorar no banheiro é três minutos", eu fiquei surpresa: quem fez essa regra tinha pessoas em mente quando a criou?
"E depois eu pensei, Sakauchi-kun deve ter odiado a escola; tem algumas pessoas que disseram ter visto o fantasma de Sakauchi-kun. É por isso que eu penso que os estudantes dessa escola poderiam consolar a alma Sakauchi-kun de maneira apropriada. Mesmo que os professores não permitam que façamos isso. De algum jeito, os professores sempre pensam que uma reunião de um grupo muito grande de estudantes significa que estamos planejando algo que não seja bom."
Eh eh. Se fosse Matsuyama, eu facilmente podia acreditar que ele diria essas coisas.
Naru concordou gentilmente.
"E além disso, vocês sabiam sobre os outros incidentes estranhos que aconteceram nessa escola?"
Eles também relataram incontáveis contos que aconteceram com eles ou seus melhores amigos.
Bou-san, parecendo frustrado, tinha desistido de tomar notas nesse meio tempo.
Depois que o grupo de Araki-san saiu, o próximo grupo foi representado por Miyasaki Masayo-san. Esse grupo afirmou ter sido mordido por um cachorro preto.
Ignorando o monge frustrado e eu, Naru continuou seu questionário pacientemente.
"E então, Miyasaki-san?"
Parecendo pequena, cercada por seus amigos, Miyasaki-san ergueu a cabeça. Seu pé estava amarrado por um curativo branco.
"Por favor."
"Sim. Essa..."
Ela examinou a sala, aterrorizada, antes de começar a falar devagar.
"No começo desse outono, coisas estranhas têm acontecido na nossa turma. Isso é… Ouvimos barulhos estranhos; como o choro de um cachorro, com "he... he..." como o som de uma respiração. Era bastante desconfortável. Depois... quem sabe quando... as pessoas começaram a ter machucados nas pernas. Foi por volta de dezembro. Era como ser mordida por um cachorro, havia até marcas de mordidas."
"Tem alguma vítima aqui e agora?"
Naru examinou o grupo. Um estudante que parecia frágil ergueu a mão.
"Qual era a situação?"
"Isso é, enquanto muito descreviam os sons do cachorro, eu nunca tinha ouvido ele, e pensei que eram apenas mentiras. Então um dia, durante a aula, eu, de repente, senti uma dor no meu pé. Foi uma pontada repentina. Eu examinei meu pé depois da aula e encontrei a marca de uma mordida. Como eu estava usando calças não era grande coisa, só tinha um pouco de sangue; também tinham furos pelo meu uniforme."
Naru assentiu, e virou mais uma vez para Miyasaki-san para que ela continuasse.
"Sim... Depois desse incidente, incidentes similares ocorriam de forma ocasional, mas ninguém nunca viu o cachorro... até pouco tempo recentemente..."
"No dia desse incidente, quem foi o primeiro a ser mordido?"
Naru perguntou. Uma das garotas respondeu.
"Fui eu."
"E o que aconteceu?"
A garota deu de ombros.
"Nada de mais, de repente eu fui mordida por alguma coisa. Mais ou menos outros cinco foram mordidos depois disso. Eu percebi o que tinha acontecido e fiquei de pé em choque. O professor perguntou o que tinha acontecido; eu disse que tinha sido mordida. E depois os estudantes que estavam junto a mim, apontaram para o lado do meu pé e disseram: 'tem um cachorro.' Quando eu olhei para baixo, eu vi um cachorro preto correndo para longe do meu pé."
"Quase todos na sala viram o cachorro?"
Miyasaki-san concordou. Depois sussurrou,
"Na verdade era uma mentira."
Eh?
"Eu quero dizer, o professor disse que ele não viu o cachorro; era uma mentira. Porque o professor fugiu da sala junto com a gente. Contudo, só para constar o professor nunca afirmou não ter visto o cachorro. Depois quando perguntamos ao professor, ele negou ter visto."
Todos os estudantes assentiram em acordo com as palavras de Miyasaki-san.
"Alguém tem alguma teoria sobre a razão do aparecimento do cachorro?"
Naru perguntou. Um estudante diferente disse,
"Inicialmente não era um cachorro, e sim uma raposa."
"Uma raposa?"
"Sim. Por um tempo, nossa escola... eh?"
Ele olhou ao redor. As duas estudantes sentadas dos dois lados dele continuaram de forma urgente,
"Por favor, o que é?"
"Tentar esconder não adianta; uma curta investigação vai revelar tudo."
Ela disse isso, olhando diretamente para Naru.
"Por um tempo, jogar Kokkuri-san (Convocar o Espírito da Raposa) era muito popular em nossa escola. Por causa disso, pensamos que era uma raposa que estava assombrando. Durante esse tempo, antes de vermos o cachorro, todos acreditavam que era apenas uma raposa."
A expressão Naru ficou séria.
"Nossa escola é muito rígida; se fossemos pegos a punição seria severa. Todos jogavam em segredo, era muito popular."
Miyasaki-san disse, gaguejando.
"Provavelmente só alguns poucos não jogaram."
"Há alguém entre vocês que não jogou?"
A pergunta de Naru não recebeu uma única resposta.
Naru assentiu entendendo, e perguntou se eles conheciam outros incidentes estranhos na escola. Como da última vez, tinham tantas histórias peculiares que eu poderia desmaiar.

5

O último grupo a entrar foi o que sofreu envenenamento em massa.
O Presidente do Conselho Estudantil Yasuhara fez com que seis estudantes entrassem, e sentou também.
"Isso quer dizer que Yasuhara também é uma das vítimas?"
Yasuhara sorriu ao ouvir a pergunta de Naru.
"Sim. Eu também sou um dos alunos de constituição baixa'. Seja qual for a pergunta, pode mandar."
Oh sim, estava escrito na reportagem do jornal "nós acreditamos que os estudantes com baixa constituição desabaram por alguma razão". O correspondente deu o seu melhor para racionalizar o incidente. Olhando para Yasuhara ou para os outros, nenhum deles aparentava ser frágil.
A expressão de Naru se suavizou momentaneamente.
"Nesse caso, vou perguntar ao representante de vocês, Yasuhara. Quais são os detalhes?"
"Talvez você já saiba por ter lido nos jornais, o incidente aconteceu no dia 18 de dezembro, segunda-feira, às duas da tarde, no meio da aula."
Direto ao ponto e fácil de entender. Yasuhara realmente é uma pessoa inteligente.
"Quase metade da turma entrou em colapso, para ser mais preciso tinha 19 pessoas.
"No começo da aula teve um aluno que se sentiu enjoado. Assim que ele saiu da sala, de repente, começaram a aparecer muitos outros dizendo a mesma coisa. Eu estava tentando entender o que estava acontecendo, quando, de repente, eu também me senti mal. Desde o começo da aula eu achei que o ar na sala estava ruim de alguma maneira. Tinha um cheiro estranho; nós abrimos as janelas; mas continuamos a discutir sobre qual seria a origem daquele cheiro, então todos estavam inquietos na hora do intervalo, por isso causou uma grande impressão."
"Então foi assim. Vocês sabem a causa?"
"Não. Quando a fornalha funciona mal, alguma pessoa é afetada, mas nada desse tipo; é uma sensação parecida. Eu já comi comida crua e por isso já tive uma intoxicação alimentar e era totalmente diferente desse incidente. Esse incidente não tem nada a ver com intoxicação alimentar. Além disso, a escola usa ar-condicionado, portanto isso elimina a possibilidade de vazamento de gás."
En en.
"Esse fedor continua na sala?"
Yasuhara assentiu.
"Estamos tão entorpecidos por ele, que não sabemos com certeza se continua lá, mas mesmo agora você pode sentir leves traços desse fedor. Quando estudantes de outras turmas visitam nossa sala, todos nos perguntam, 'que cheiro é esse?'
"E têm momentos em que o cheiro, de repente, se torna insuportável. Depois do incidente, também há momentos em que o professor se sente mal primeiro. Nessas vezes, todos evacuam a sala com medo, embora só o professor vá para a enfermaria. E além disso, eu posso dizer que houve várias ocasiões em que o fedor, de repente ficou muito mais forte. Sim, cerca de sete ou oito vezes desde o incidente."
"Houve alguma vítima?"
Yasuhara balançou a cabeça.
"Não. Pelo menos... Inicialmente eu não acreditei que isso fosse um fenômeno sobrenatural. Nossa turma está no primeiro andar; abaixo... Eu quero dizer o que está mais abaixo, isso é, no subsolo tem uma piscina de gás ruim, eu pensei que essa fosse a razão. Entretanto, Eda..."
Yasuhara virou a cabeça para olhar para o estudante perto dele.
"Esse cara jogava sal onde quer o cheiro ficasse mais forte. Depois de fazer isso, o cheiro ruim, de repente, desaparecia. Inferno, se isso fosse explicado como um fenômeno natural, seria muito estranho."
Naru olhou para o estudante que se chamava Eda.
"Por que jogar sal?"
"Ora, não dizem que sal é purificador? Nós jogamos sal quando voltamos de funerais e outras coisas. Então achei que devíamos tentar na escola para ver se funcionava. Depois de jogar o sal o fedor desaparecia instantaneamente."
"Sensação...?"
Ele sacudiu a cabeça.
"De qualquer forma, no fim do dia, eu pensei, as pessoas, muitas vezes, dizem que fazer isso (jogar sal) na escola forçava os espíritos a aparecer, e a razão para o envenenamento é não está clara; Eu sempre senti que havia uma ligação entre espíritos e o que não..."
Naru deu um leve tapa na mesa com seus dedos pálidos.
"Se espíritos estão envolvidos nesse incidente, você tem alguma hipótese sobre a causa?"
O grupo de Yasuhara inclinou a cabeça pensando.
"Eu não sei."
"Realmente? Desculpe incomodar vocês então."
Naru acenou gentilmente na direção de Yasuhara.
"For isso, eu tenho uma pergunta para o presidente do conselho estudantil Yasuhara."
"Sim."
"Quando foi a primeira vez que você notou as coisas estranhas que acontecem aqui?"
Yasuhara fez uma leve pausa para pensar.
"Eu comecei a pensar 'definitivamente tem algo errado aqui' pela primeira vez, com o absentismo em massa. Só... sim, eu comecei a sentir que tinha alguma coisa errada na época do festival cultural."
"Quais são os detalhes?"
"Porque o número de rumores cresceu. Desde o outono, os boatos estudantis falavam de nada além de contos estranhos. Aqui e ali alguém viu um fantasma ou alguma coisa; eu ouvi essas histórias e comecei a me sentir inquieto."
Yasuhara estava bem sério.
"Como tínhamos que arrumar tudo para o festival cultural, todos permaneciam na escola até tarde. Isso é, de repente, todos estavam relutantes em ficar. A mudança nas tendências (atitude) das garotas era muito grande. Normalmente elas ficariam até tarde mesmo se não tivessem nada para fazer. Eu achei um pouco estranho."
Naru assentiu.
"E sobre a série de incêndios que aconteceram antes do absentismo em massa. O que você acha disso?"
"Eu não me lembro da data exata; o primeiro incêndio foi pelo meio de outubro. No início eu pensei que tinha sido iniciado por algum cara brincalhão ou alguém que usou fogo sem ter cuidado. Mas dez dias depois teve outro incêndio. Naquela época os professores estavam ficando um pouco nervosos, a pessoa que fez isso continuava desconhecida. E então, o próximo… "
"Doze dias depois?"
"Sim. Chamar isso de incidente seria muito estranho, e teve aqueles que disseram que não eram incêndios culposos. Os professores, aparentemente, aumentaram a proteção, mas doze dias depois os incêndios continuavam a acontecer. Embora os professores fizessem rondas cuidadosas (na escola), eles ainda não conseguiam identificar o culpado."
"E ainda teve outro incêndio doze dias depois?"
"Sim. Depois eles até usaram os fechaduras especiais que as escolas de garotos usam, mesmo que eles não se importassem mais. Mas mesmo assim houve um incêndio. Nessa época o incidente de absentismo em massa aconteceu; no fundo eu pensei que seria muito estranho se no fim fossem incêndios culposos."
"E desde então há um ciclo de doze dias?"
"Sim. Sempre na manhã do décimo Segundo dia."
"Fechaduras?"
"Estão trancadas."
"Quando vai ser o próximo incêndio?"
"A última vez foi no dia onze, então a próxima deve ser no dia vinte e três. É daqui a dois dias."
Naru estava em pensamento profundo. Ele batia sua caneta esferográfica na mesa e de repente ergueu os olhos.
"Finalmente..." Enquanto dizia isso, ele olhou para o grupo, e perguntou a eles sobre os estranhos rumores. Depois de ouvir a última de suas incríveis histórias, Naru fechou o notebook e levantou.
"Vocês podem me deixar ver sua sala?"
"Sim, por favor."
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